05 Dezembro 2014
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1, 1-8 que corresponde ao 2º Domingo do Tempo de Advento, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
“Começa a Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Este é o início solene e gozoso do evangelho de Marcos. Mas, a continuação, de forma abrupta e sem aviso algum, começa a falar da urgente conversão que necessita viver todo o povo para acolher o seu Messias e Senhor.
No deserto surge um profeta diferente. Vem “preparar o caminho do Senhor”. Este é o seu grande serviço a Jesus. A sua chamada não se dirige apenas à consciência individual de cada um. O que procura João vai mais além da conversão moral de cada pessoa. Trata-se de “preparar o caminho do Senhor”, um caminho concreto e bem definido, o caminho que vai seguir Jesus defraudando as expectativas convencionais de muitos.
A reação do povo é comovedora. Segundo o evangelista, deixam a Judeia e Jerusalém e partem para o “deserto” para escutar a voz que os chama. O deserto recorda-lhes a sua antiga fidelidade a Deus, seu amigo e aliado, mas, sobretudo, é o melhor lugar para escutar a chamada à conversão.
Ali o povo toma consciência da situação em que vivem; experimentam a necessidade de mudar; reconhecem os seus pecados sem deitar as culpas uns aos outros; sentem necessidade de salvação. Segundo Marcos, “confessavam os seus pecados” e João “batizava-os”.
A conversão que necessita o nosso modo de viver o cristianismo não se pode improvisar. Requer um tempo longo de recolhimento e trabalho interior. Passarão anos até que façamos mais verdade na Igreja e reconheçamos a conversão que necessitamos para acolher mais fielmente a Jesus Cristo no centro do nosso cristianismo.
Esta pode ser hoje a nossa tentação. Não ir ao “deserto”. Iludir a necessidade de conversão. Não escutar nenhuma voz que nos convide a mudar. Distrair-nos com qualquer coisa, para esquecer os nossos medos e dissimular a nossa falta de coragem para acolher a verdade de Jesus Cristo.
A imagem do povo judeu “confessando os seus pecados” é admirável. Não necessitamos os cristãos de hoje, fazer um exame de consciência coletivo, a todos os níveis, para reconhecer os nossos erros e pecados? Sem este reconhecimento, é possível “preparar o caminho do Senhor”?
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Confessar os nossos pecados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU