20 Novembro 2014
O mundo deve tornar-se "neutro em carbono" na segunda metade do século para que o aumento global da temperatura fique limitado a 2o C, evitando impactos mais graves da mudança do clima, segundo as Nações Unidas.
A recomendação é que entre 2055 e 2070 a emissão de gases-estufa que se origine da queima de combustíveis fósseis seja neutralizada com o plantio de árvores e o sequestro de gases-estufa por tecnologias de sequestro de carbono (conhecidas por CCS, elas ainda estão em fase de desenvolvimento no mundo).
A reportagem é de Daniela Chiaretti, publicada pelo jornal Valor, 20-11-2014.
Está aumentando o hiato entre os compromissos assumidos pelos governos de cortar as emissões de gases-estufa e o que realmente deveria ser feito segundo o que os cenários científicos recomendam, para se ter um regime climático mais seguro, diz um relatório anual preparado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
"Fazer mais agora reduz a necessidade de ações mais drásticas depois, se quiseremos ficar dentro dos limites seguros de emissões", disse em Washington Achim Steiner, sub-secretário das Nações Unidas e diretor executivo do Pnuma, durante lançamento da quinta edição do "Emission's Gap Report" ("A Lacuna das Emissões", em tradução livre).
Desde 1990, as emissões globais de gases-estufa cresceram mais de 45%. "Para se ter uma boa chance de ficar abaixo do limite de 2o C, as emissões de gases-estufa deveriam cair 15%, ou mais, em 2030 em comparação a 2010, estar pelo menos 50% menores em 2050 e no rumo das emissões líquidas zeradas", diz o estudo.
Segundo Steiner, ligar políticas de desenvolvimento com a redução de emissões de gases-estufa "irá ajudar os países a construir infraestrutura de baixo carbono e eficiência energética capaz de suprir as mudanças necessárias ao verdadeiro desenvolvimento sustentável."
Para atingir a meta dos 2o C, as emissões globais não deveriam superar 44 bilhões de toneladas de CO2 equivalente (medida que nivela todos os gases-estufa às emissões de CO2) em 2020. Mas comparando-se esta espécie de "orçamento de carbono" com os compromissos assumidos pelos governos de reduzir emissões, ainda ficam sobrando 8 bilhões a 10 bilhões de toneladas de CO2 -- o chamado "emissions gap".
Andrew Steer, presidente do think tank World Resources Institute, lembra que o acordo climático global a ser fechado em 2015 em Paris "não deveria ser baseado em emoções ou caprichos políticos, mas deveria ser guiado pela ciência e pelos fatos." A lacuna das emissões não está diminuindo, ao contrário. O estudo, produzido por 38 cientistas de 14 países, estima que melhorias na eficiência energética podem evitar a emissão de 2,5 gigatoneladas a 3,3 gigatoneladas de CO2 anuais. "Eficiência energética não só evita emissões como pode aumentar a produtividade", diz o relatório.
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ONU recomenda que mundo fique "neutro em carbono" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU