12 Novembro 2014
"A política deve ser refundada." Em Assis, o cardeal Angelo Bagnasco abriu a assembleia da Conferência Episcopal Italiana com uma advertência contra o casamento gay e a indiferença dos partidos em relação à tragédia da "geração perdida" dos jovens sem trabalho.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no jornal La Stampa, 11-11-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A família é o "sujeito portador" da vida social e é "irresponsável enfraquecê-la criando novas figuras" que "confundem as pessoas". Essas formas nada mais são do que um "cavalo de Troia" para chegar a "minar" a família, aquela verdadeira.
Temas éticos e sociais se unem. "O que será de tantos jovens? Que caminhos lhes esperam se são obrigados a ficar às margens de uma sociedade que parece rejeitá-los? Que obscuros personagens, na Itália e em outros lugares, estão prontos para massacrá-los pelos seus próprios interesses?", pergunta-se o presidente da Igreja italiana.
Ele recomenda ao país que "mantenha viva a esperança" diante do aumento do desemprego: "Está se perdendo uma geração". Se nos palácios da política os pactos se esmigalham, preveem-se novas alianças e há dúvidas sobre o futuro do Quirinal, Bagnasco lança um apelo que tem o sabor da unidade nacional.
Dirige-se "ao amplo mundo da política" e pede um novo "pacto social". Em comparação com o pós-guerra, "hoje não há ruínas de casas a serem reconstruídas, mas as dos alfabeto humano", e, consequentemente, "é preciso recolocar o foco sobre o que significa estar juntos".
A crise é o econômica e cultural. Os filhos "não estão a serviço do desejo dos adultos" e "têm direito a um pai e a uma mãe".
"As novas famílias já existem", responde o líder do Partido Democrático na Câmara, Roberto Speranza, enquanto o presidente do partido, Matteo Orfini, garante que o governo seguirá "absolutamente" em frente no caminho rumo às uniões civis.
A CEI pressiona a política a raciocinar "não só em termos de finanças, mas, acima de tudo, de produção e de desenvolvimento, assegurando que o patrimônio industrial e profissional de reconhecida excelência possa permanecer firmemente ancorado no nosso país".
O presidente dos bispos, que acaba de voltar de uma missão em Gaza, lembra as perseguições vividas pelos cristãos na Terra Santa, no Oriente Médio, mas também em outros países, como no Paquistão.
Ele define como "genocídio" aquilo que estão vivendo os cristãos em muitas partes do mundo, destacando que a sua "presença incômoda" provoca "conivências internacionais, não podemos calar".
À assembleia CEI, Francisco dirige palavras claras: "Não servem padres clericais, cujo comportamento corre o risco de afastar as pessoas do Senhor, nem padres funcionários que, enquanto desempenham um papel, buscam longe de Deus a própria consolação".
E cita Tolstói: "Separar-se para não se sujar com os outros é a sujeira maior".
As associações católicas, o partido Nova Centro-Direita (NCD) e o Fórum das Associações Familiares aplaudem o discurso de Bagnasco. Fica decepcionado Aurelio Mancuso, presidente do Equality: "É hora de que os católicos italianos também usem um vocabulário novo".
Por três dias, em Assis, os bispos vão discutir sobre a formação dos sacerdotes. De um lado, a queda das vocações, de outro, escândalos como a pedofilia às vezes fragilizaram o papel do padres. Figura a ser repensada.
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''O casamento gay é um cavalo de Troia'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU