10 Novembro 2014
Em visita aos Estados Unidos, o cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, disse às autoridades da Conferência dos Bispos dos EUA (USCCB) que não percam de vista "que a voz da Igreja Católica deve ser ouvida na praça pública".
A reportagem é do sítio Catholic News Service, 06-11-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Caso contrário, corremos o risco de que as nossas democracias sejam reduzidas a um vocabulário de verdade que é exclusivamente pragmático e positivista", disse ele na última terça-feira, na sede da USCCB, em Washington.
Ele também disse aos empregados e diretores: "Vocês não são burocratas, mas discípulos! Vocês estão envolvidos em um ministério nobre e muitas vezes escondido de serviço".
O cardeal observou que, embora os empregados da conferência possam sentir frustração por estarem envolvidos em "trabalhos de bastidores", eles devem reconhecer que o seu "serviço ao ministério apostólico dos bispos é inestimável" e que o seu trabalho ajuda a "aplicar os ensinamentos da Igreja universal à situação local, equipando os bispos com os recursos de que eles precisam para serem pastores eficazes".
Ele também destacou que a USCCB tem "um papel importante a desempenhar para dar voz à consciência dos EUA", que ele disse que ficou demonstrado na promoção por parte da conferência do Fortnight for Freedom – um período de oração e jejum para promover a conscientização sobre os desafios à liberdade religiosa.
"Eu apenas quero encorajá-los, afiando o senso de ironia de que, muitas vezes, são os líderes religiosos que pedem que uma chamada 'democracia secular' volte aos seus princípios fundadores", disse ele, acrescentando que "não é saudável para uma suposta sociedade livre, construída sobre valores e virtudes firmes, ignorar o papel da consciência ou deixar de oferecer a ela as proteções adequadas".
Müller disse estar unido às autoridades da USCCB "em um certo papel de apoio", já que os empregados da conferência apoiam os bispos dos EUA, e o seu trabalho apoia o ministério do papa.
Ele disse que o Papa Francisco, muitas vezes, enfatiza em suas homilias da missa matinal o tema de que "a Igreja é uma comunidade de fé, e não simplesmente uma ONG". Essa compreensão, disse o cardeal, deve fornecer a "motivação e o contexto" para o trabalho da USCCB.
Isso se reflete particularmente no papel da Igreja na área da saúde, disse, observando que a Congregação doutrinal recentemente respondeu a um "dubium", ou a uma questão formal, da USCCB relativa às instituições e associações de saúde católicas que incluem instituições membros não católicas.
A resposta da Congregação, disse ele, começa com uma reflexão sobre os santos Cosme e Damião, "dois médicos que, no seu cuidado aos doentes, ofereciam um testemunho profético da sua fé em Cristo Jesus".
O cardeal disse que refletir sobre o exemplo dos dois santos é uma boa maneira de olhar para o porquê a Igreja está envolvida no que faz, como a prestação de cuidados de saúde, a educação ou o trabalho de caridade.
"É claro, é porque o amor de Cristo nos impulsiona", respondeu ele, acrescentando: "Nós fazemos o que fazemos por causa da nossa fé no Senhor e no seu Evangelho que nos salva".
Müller destacou que, "indo ainda mais ao ponto, o que fazemos é uma proclamação desse Evangelho", razão pela qual, segundo ele, "as instituições de saúde católicas devem expressar o ministério de cura de Cristo e a dignidade inviolável de cada e de toda pessoa humana criada à imagem e semelhança de Deus".
"Não importa o quão bons ou nobres sejam as motivações fundadoras para outros hospitais e instituições, elas não são entendidas como uma expressão de fidelidade evangélica. Deve haver algo qualitativamente diferente na experiência de cuidado em uma instituição católica."
Ele também disse que a mesma motivação deve estar por trás das escolas católicas. "Há uma série de boas razões para que a sociedade queira formar os seus jovens. Mas nós ensinamos como Jesus fez, e a nossa missão educacional brota do coração da Igreja e, portanto, em fidelidade à Igreja."
Ele ressaltou que a ênfase na proclamação do Evangelho deve estar no centro de todos os ministérios da Igreja.
"Nós defendemos o nascituro, acolhemos os imigrantes, promovemos uma moradia acessível aos pobres, condenamos a violência... Tudo o que fazemos é uma expressão da nossa fé em Cristo e na sua Igreja", afirmou.
"O desafio é tornar as nossas iniciativas e programas perceptíveis como tais."
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Müller e os bispos dos EUA: católicos devem ser ouvidos na praça pública - Instituto Humanitas Unisinos - IHU