31 Outubro 2014
"A frota veicular brasileira ainda está dois anos atrasada em relação à europeia, como comprova o estudo desenvolvido pela COPPE/UFRJ em parceria com o Greenpeace, mesmo com a adesão ao Inovar-Auto. É uma constatação grave, se levarmos em conta que as mesmas montadoras que atuam no Brasil também estão na Europa. A conclusão é simples e pode ser resumida nas mesmas palavras de Miriam Leitão: temos carros velhos com novos benefícios", escreve Fabiana Alves, jornalista, em artigo publicado por Greenpeace, 29-10-2014.
Eis o artigo.
Foi com essa frase que a jornalista especializada em economia Miriam Leitão definiu, na manhã de hoje na rádio CBN, os benefícios que o governo concede a montadoras sem qualquer contrapartida da indústria. Miriam afirmou o mesmo que o Greenpeace tem mostrado desde o começo da campanha por eficiência dos carros: a indústria precisa se modernizar e produzir automóveis que consumam menos energia e emitam menos gases de efeito estufa.
O governo brasileiro, por meio do programa Inovar-Auto, deu continuidade à redução do imposto sobre produtos industrializados à indústria automobilística, sob a condição de que as beneficiárias aumentassem a eficiência energética da frota veicular e tivessem porcentagem mínima de produtos nacionais na fabricação de veículos. Apesar de ter forte adesão das empresas, o programa não é obrigatório e chegará ao fim em 2017.
Com a reeleição de Dilma Rousseff, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos), Luiz Moan, já correu ao Planalto para pedir ajuda ao governo federal. Contudo não haverá desenvolvimento industrial se o governo continuar tratando o setor como a um filho que não saiu de casa, concedendo benefícios intermináveis mas sem exigir melhor tecnologia – e consequentemente, menores emissões para o clima.
A frota veicular brasileira ainda está dois anos atrasada em relação à europeia, como comprova o estudo desenvolvido pela COPPE/UFRJ em parceria com o Greenpeace, mesmo com a adesão ao Inovar-Auto. É uma constatação grave, se levarmos em conta que as mesmas montadoras que atuam no Brasil também estão na Europa. A conclusão é simples e pode ser resumida nas mesmas palavras de Miriam Leitão: temos carros velhos com novos benefícios.
Por isso pedimos para as três maiores montadoras do Brasil, Fiat, Chevrolet e Volkswagen se comprometerem com níveis mais ambiciosos de eficiência energética no país. Elas falam em carros modernos nas publicidades, mas a realidade é que o que temos no Brasil são carros velhos e de menor qualidade, por vontade das empresas, porque a tecnologia já existe lá fora.
As montadoras vivem a chorar para que o governo as ajude, mas não se interessam em dar ao consumidor o que prometem em seus comerciais. E nesse caso não é apenas o consumidor que paga o pato, mas o planeta e toda a população, que sofrerão as consequências do agravamento das mudanças climáticas, causado pelo aumento crescente das emissões de gases de efeito estufa. E em tempos de falta de água na terra da garoa, não tem como dizer que elas não existem.
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Carros velhos com novos benefícios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU