22 Outubro 2014
Na missa da manhã de terça-feira, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco disse que Jesus "nos uniu com seu sangue", "reconciliou-nos com Deus: de inimigos a amigos; de estranhos a filhos".
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 21-10-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Francisco insistiu contra a divisão, referindo-se ao exemplo dado por Jesus, que "nos uniu com seu sangue". "Todos nós sabemos que quando não estamos em paz com as pessoas, eleva-se um muro, um muro que nos divide; mas Jesus nos oferece o seu serviço para derrubar esse muro para que nos encontremos", disse ele na missa da manhã na Casa Santa Marta, dois dias após o encerramento do Sínodo dos bispos sobre a família. "E se estivermos divididos, não seremos amigos, mas inimigos. E fez ainda mais para nos reconciliar em Deus. Reconciliou-nos com Deus: de inimigos a amigos; de estranhos a filhos", acrescentou o papa.
Os cristãos são pessoas que sabem esperar e cultivar uma esperança sólida enquanto esperam. Os cristãos são um povo unido por Jesus "para além de toda a inimizade". Ele nos serve e dá-nos um nome, disse Francisco em sua homilia.
O papa refletiu sobre o Evangelho de Lucas e a Carta de São Paulo aos Efésios, dizendo que "Cristo falou aos seus discípulos, comparando-se ao mestre que retorna tarde da noite de uma festa de casamento e que chama de 'bem-aventurados' aqueles servos que esperam por ele, com lâmpadas acesas e acordados. A cena que se segue apresenta Jesus como o servo de seus servos, aquele que traz o almoço para a mesa". O primeiro serviço que o Mestre faz para os cristãos, o papa assinalou, é dar-lhes a sua "identidade". "Sem Cristo não temos identidade". Francisco conectou isso com aquilo que São Paulo escreve: "Vocês estavam naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel". "O que Jesus veio fazer por nós é nos dar uma nacionalidade, pertença a um povo, nosso nome e sobrenome". Assim, de "inimigos sem paz", Cristo uniu-nos "com seu sangue", "quebrando o muro de separação que nos divide". "Todos nós sabemos que quando não estamos em paz com as pessoas, eleva-se um muro, um muro que nos divide".
"De ser simplesmente gente de rua, pessoas que nem sequer eram hóspedes para serem 'compatriotas dos santos e membros da família de Deus'. Isso é o que Deus criou com sua vinda. Mas quais são as suas condições?" - perguntou Francisco - "eles tinham que esperar por Ele, como servos que esperam o seu senhor".
"À espera de Jesus. Aquele que não O espera, fecha a porta para Ele, não permite que ele siga em frente com seu trabalho de paz, de comunidade, de cidadania. E mais ainda: de nome. Ele nos dá um nome, nos faz filhos de Deus. Essa é a atitude de esperar Jesus, que está dentro da esperança cristã. O cristão é um homem ou uma mulher de esperança. Ele ou ela sabe que o Senhor virá. Não sabemos quando, não sabemos em que momento, mas Ele virá e Ele não deve encontrar-nos divididos. Ele deve encontrar-nos como Ele nos fez com o seu serviço: amigos vivendo em paz".
"O cristão é um homem ou uma mulher que sabe esperar Jesus. Ele ou ela é uma pessoa de esperança. Em vez disso, um pagão - e tantas vezes nós, os cristãos nos comportamos como pagãos - esquece de Jesus, pensa em si mesmo, não espera por Jesus. O pagão egoísta se comporta como se ele próprio fosse um deus: 'Eu posso fazer sozinho'. E ele não acaba bem, ele acaba sem um nome, sem proximidade, sem cidadania".
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Papa Francisco: ''Vamos derrubar o muro que nos divide, se estamos divididos somos inimigos'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU