21 Outubro 2014
Provavelmente serão o "caso" literário do próximo ano. O cardeal Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado (e bastante irritado, porque o papa convidou ao Sínodo o antecessor de Bertone, o cardeal Sodano, mas não ele, talvez considerado "ratzingeriano" demais), está escrevendo as suas memórias. Está escrevendo com calma e com precisão. Mas é certo – dizem algumas pessoas próximas dele – que ele quer tirar algumas pedras do sapato cardinalício.
A nota é de Marco Tosatti, publicada no blog San Pietro e Dintorni, 21-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Antes, durante e depois do Vatileaks, o cardeal Bertone foi submetido a uma enxurrada de acusações. Em certo ponto, um grupo de cardeais pediu que Bento XVI mudasse de secretário de Estado (alguns anos antes da sua renúncia).
Mas Ratzinger, lealmente, embora talvez nem sempre estivesse feliz com a obra do seu principal colaborador, o havia defendido. E ele continuou a fazê-lo, inaugurando assim o inédito histórico de um papa que teve que se ocupar de defender o secretário de Estado, em vez do contrário, como seria a norma...
O cardeal começou a trabalhar na sua obra a partir do momento em que se aposentou, há um ano. E como o Divino Júlio, ele tem uma base documental muito forte: de fato, ele manteve uma agenda precisa, dia por dia, com compromissos, encontros e temas das conversas a partir do momento em que Bento XVI o nomeou secretário de Estado.
É um gênero literário não muito popular, e, em geral, quando até um secretário de Estado vaticano escreve, o objeto das recordações é a sua vida perto do número um da época.
Portanto, o livro de Bertone corre o risco de ser algo inédito no seu gênero. Ainda não se sabe quem irá imprimi-lo, mas é de se acreditar que as editoras farão todos os esforços para não deixar passar uma obra tão apetitosa.
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As memórias do cardeal Bertone - Instituto Humanitas Unisinos - IHU