Por: André | 06 Outubro 2014
O Sínodo Extraordinário sobre a Família, que começa nesta segunda-feira, dia 05 de outubro, e se estende até o dia 19, terminará com um “documento final” – uma Relatio Synodi – votado pelos padres sinodais; em seguida, será entregue ao Papa e, junto com um pequeno questionário, será enviado às Conferências Episcopais de todo o mundo em vista do próximo Sínodo Ordinário, que acontecerá em 2015. É uma das novidades ilustradas nesta sexta-feira, dia 03 de outubro, pelo secretário do Sínodo, o cardeal Lorenzo Baldisseri, durante uma entrevista coletiva no Vaticano. O cardeal italiano indicou que gostaria que a troca de ideias na reunião fosse “livre”, mas também “serena” e “leal”.
Fonte: http://bit.ly/Z1F1k3 |
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 03-10-2014. A tradução é de André Langer.
“A Relatio post disceptationem, ao final da primeira semana, constituirá a base para a prossecução dos trabalhos da segunda semana nos ‘circuli minores’, que os padres debaterão em vista do documento final, chamado de ‘Relatio Synodi’. Este documento, no final, será entregue ao Santo Padre”, explicou o cardeal italiano. O documento final, “Relatio Synodi”, é diferente da costumeira mensagem final de qualquer assembleia sinodal (encomendado desta vez ao cardeal Gianfranco Ravasi) e substitui as propostas (“propositiones”) que nestas reuniões normalmente os padres sinodais entregavam ao Papa. “Não haverá ‘propositiones’, mas este documento, que, para que fique claro, é uma única ‘propositio’”, explicou Baldisseri ao responder aos jornalistas.
O texto será submetido a uma votação “na aula” no sábado dia 18 de outubro à tarde, com um escrutínio simples que contemplará apenas duas possibilidades: a aprovação (“placet”) ou a desaprovação (“non placet”), continuou o cardeal. Também as relações que cada um dos grupos de trabalho (os “circuli minores”) apresentará na plenária serão submetidas a uma votação. O documento “será publicado em tempo oportuno, um ou dois dias depois” da votação; depois, servirá de base “para a segunda assembleia”, o Sínodo Ordinário também sobre a família, que o Papa Francisco convocou para 2015. Este documento será “enviado às Conferências Episcopais” de todo o mundo, “para reações” e, eventualmente, para que consultem a base. O documento final do Sínodo Extraordinário, além disso, irá acompanhado de um pequeno questionário, porque o tema da família é muito amplo e há outros argumentos que não terão sido levados em consideração. Neste sentido, não haverá “decisões” ao final do Sínodo Extraordinário, que termina no próximo dia 19 de outubro.
“Todos estamos conscientes de que a comunhão fraterna cresce na liberdade, graças à qual se enriquece o debate e podem ser identificadas as decisões pastorais mais adequadas para a família no contexto de hoje. Efetivamente, é importante expressar-se claramente e com coragem”, destacou Baldisseri. “Manifestar o próprio pensamento revela a qualidade do homem, tornando-o responsável diante de Deus e diante dos homens. No clima de um debate sereno e leal, os participantes serão chamados a não fazer prevalecer o próprio ponto de vista como exclusivo, mas buscar juntos a verdade”.
De qualquer maneira, o Papa, que estará presente o tempo todo, “quer uma abertura; há uma porta que até agora esteve fechada e ele quer que se abra”, indicou Baldisseri. “Estamos no começo do Sínodo, e o Santo Padre deu liberdade para poder discutir”, explicou ao responder a uma pergunta dos jornalistas com relação à possibilidade de considerar a concessão da comunhão aos divorciados recasados. “As conclusões virão no final do Sínodo. Estou consciente de que temos muitas expectativas – acrescentou o cardeal –, mas deverão esperar”. E indicou que os livros, entrevistas e discursos que os cardeais divulgaram nestes meses sobre o tema são “contribuições”.
Quando à comunicação, Baldisseri e o porta-voz vaticano, o padre Federico Lombardi, explicaram como será a cobertura do encontro por parte da Sala de Imprensa do Vaticano: uma série de tuítes sobre o que acontece nas entrevistas coletivas e um sítio exclusivo. “Não apenas os textos que serão publicados no boletim, mas também as entrevistas com os padres sinodais estarão disponíveis”, anunciou o padre Lombardi. As entrevistas coletivas da primeira semana se concentrarão nos discursos na aula; as da segunda semana, sobre o trabalho nos círculos menores: nesta segunda semana, acrescentou Lombardi, haverá encontros com os padres sinodais, que “responderão, todos juntos, em várias línguas ou por grupos linguísticos, às perguntas dos jornalistas.
Em relação às entrevistas coletivas, Lombardi explicou que em cada uma delas haverá um “longo e detalhado resumo sobre todas as intervenções tanto da tarde como da manhã, tanto aquelas preparadas como aquelas espontâneas”. No entanto, os discursos dos padres sinodais “não serão publicados todos, porque são muito longos este ano em relação aos anos anteriores, pelo que se pensou em simplificar o trabalho”. No boletim serão publicados “todos os nomes dos padres que tenham feito intervenções e todos os temas que se tenha tratado”, mas sem atribuí-los individualmente aos seus autores. “Os padres, na aula, poderão dizer coisas diferentes dos textos preparados, que eram os que nos sínodos anteriores eram distribuídos”, respondeu por sua vez Baldisseri quando os jornalistas perguntaram se não haveria uma maior transparência comunicativa. Seja como for, indicou, no passado tratava-se de “sínteses que não proporcionavam muitas informações”.
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Sínodo sobre a Família terminará com um documento votado pelos padres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU