24 Setembro 2014
Os custos econômicos da epidemia de ebola na África Ocidental atingirão proporções "catastróficas" se o vírus se propagar para outros países da região, disse Francisco Ferreira, economista-chefe do Banco Mundial para a África.
A reportagem é de Matthew Hill, publicada pelo sítio Bloomberg e reproduzido pelo jornal Valor, 23-09-2014.
"Se outros países da vizinhança na sub-região da África Ocidental não conseguirem fazer o que a Nigéria e o Senegal fizeram, ou seja, manter as coisas sob controle, então os custos vão ser muito, muito maiores", afirmou em entrevista no dia 19 em Lusaca, capital da Zâmbia.
A propagação do vírus pode custar aos três países onde ocorreu o maior número de casos - Guiné, Libéria e Serra Leoa - até US 809 milhões, calcula o Banco Mundial. Resultados iniciais das pesquisas do banco sobre os riscos econômicos da propagação da doença a outros países mostram que o dano poderia ser mais grave, disse Ferreira.
Um relatório sobre o assunto deve ser apresentado na reunião anual do Banco Mundial, que será no mês que vem. Mais de 2.600 pessoas já morreram por causa do ebola na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné desde o início da epidemia, em dezembro, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A doença apresenta uma possível ameaça à segurança internacional, disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no dia 16.
Segundo Ferreira, os custos econômicos são em grande parte resultado do medo e do comportamento de aversão que se espalham rapidamente quando as populações percebem que um surto pode estar fora de controle.
"Se isso acontecer em um país maior, como a Nigéria ou o Senegal, os custos seriam muito, muito maiores", disse ele.
A Nigéria tem uma população de aproximadamente 170 milhões de habitantes e um PIB de US$ 523 bilhões e o Senegal tem 13 milhões de habitantes e uma economia de US$ 15 bilhões. Já os três países mais afetados têm uma população total de 21 milhões de pessoas e o produto econômico conjunto é de US$ 13 bilhões.
Na Nigéria, oito pessoas morreram da doença, e no Senegal houve um caso de contágio em que a pessoa está em recuperação. Tanto o Senegal quanto a Nigéria, maior produtor de petróleo da África, conseguiram controlar a propagação da doença até agora por meio de medidas como a implementação de centros de tratamento adequados que ajudam a acalmar o "fator pânico", disse Ferreira.
O Banco Mundial aprovou uma doação de US$ 105 milhões como parte de seu compromisso de US$ 200 milhões para ajudar a conter o ebola na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné. O mundo precisará gastar US$ 1 bilhão para combater a doença, de acordo com a ONU.
"Há um cenário muito ruim à espreita para o qual devemos estar preparados e que exige ações extremamente urgentes já", afirmou Ferreira.
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Bird vê risco de epidemia de ebola ser catastrófica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU