Por: Caroline | 17 Setembro 2014
O oficial de Protocolo e Cerimonial do Vaticano se referiu ao próximo encontro entre Cristina Kirchner e Francisco, que será realizado no próximo sábado em Santa Marta. Também avaliou como foi a mudança de atitude da chefe de Estado em relação ao ex-arcebispo de Buenos Aires e contou o dia-a-dia do “Papa do Povo”.
A reportagem é publicada por Infobae, 15-09-2014. A tradução é do Cepat.
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Fonte: http://goo.gl/798X50 |
“Não é razoável. Ele é sensível a tudo o que toca a economia. Adquiriu muita experiência e sabe o que cada medida produz. Seguramente terão uma conversa muito rica em todos os sentidos, cheia de conselhos e intercambio de pareceres”. É o que responde Guillermo Karcher (foto), oficial de Protocolo do Vaticano e colaborador direto do papa Francisco. Karcher é o homem que todas as manhãs saúda o Pontífice em sua residência de Santa Marta e que, inclusive, comenta com ele sobre as últimas novidades da Argentina.
Sua imagem ficará imortalizada para sempre. No dia em que Francisco foi eleito como sucessor de Bento, foi ele quem segurou o microfone através do qual os fiéis escutaram, pela primeira vez, em São Pedro, as palavras do atual bispo de Roma.
Em uma entrevista com Luis Novaresio na redação da Infobae, Karcher assegurou que o quarto encontro entre a Presidente e o Santo Padre terá um caráter “mais familiar” do que das outras ocasiões. “Ele escolheu que fosse um almoço. É um encontro entre dois argentinos. Tem um caráter diferente das outras e é mais familiar. É um encontro entre dois chefes de Estado”, analisou.
Karcher, com vasta experiência na Santa Sé, recordou que João Paulo II tinha encontros frequentes com o presidente da Polônia. E Bento XVI também se reunia com frequência com representantes da Alemanha.
O sacerdote assegurou que Cristina Kirchner e Francisco tem uma relação “muito positiva”, de “muito respeito”, entre pessoas que têm clareza do papel que ocupam.
“Visto os 14 mil km de distância, parece que Cristina sucumbiu à sedução de Francisco, é muito caprichoso o que estou dizendo?” perguntou Luis Novaresio. E Karcher respondeu: “Eu creio que sucumbir é um verbo exagerado. Se levar em conta que já não é mais o arcebispo de Buenos Aires; agora é o chefe da Igreja Católica e do Estado Vaticano. A relação mudou. Mesmo a de um simples fiel”.
Consultado sobre a questão diplomática devido à carta que o Pontífice havia enviado à Argentina em 25 de maio, o oficial de Protocolo do Vaticano indicou que foi “absolutamente superada”. “Não houve nenhum problema, continuo com a mesma liberdade de expressão de sempre. Talvez tenha sido uma coisa muito portenha. Aquilo foi algo muito pontual e não era uma carta, era um telegrama”.
O papa do povo
Karcher, que conhecia Francisco de seu trabalho pastoral na Argentina, disse que Jorge Bergoglio hoje é “o papa do povo, o papa que quer unir a teologia com a atividade de pastor; o papa que quer aproximar as pessoas à Igreja”.
De férias na Argentina, o colaborador de Francisco repassou como são os dias no Vaticano. O Papa se levanta todos os dias às 4h30min e reserva duas horas para rezar e preparar a homilia diária que realiza em Santa Marta. Logo toma café e próximo às 8h30min tem um encontro no qual dialoga sobre diferentes temas, entre eles as notícias que chegam da Argentina.
Das 9 horas até a hora do almoço, Francisco tem atividades oficiais. Reuniões com presidentes, ministros e líderes mundiais. O almoço é compartilhado com os demais integrantes do Vaticano, em uma sala de jantar em comum. E a tarde se dedica a receber as pessoas que ele deseja. São encontros privados dos quais são passadas poucas informações.
Francisco escuta muita música. Tango e ópera, principalmente. E gosta de estar informado de tudo o que acontece. Por escolha própria, não assiste televisão, mas monitora as mensagens que são escritas nas diferentes contas oficiais do Twitter.
Recentemente, o Papa falou de uma possível aposentadoria. Karcher interpretou o espírito de Sua Santidade: “Não acredito que ele ponha limites, mas é consciente de que tem 78 anos e de que suas forças físicas são as que são”. “Ele vai dar tudo de si. Se em um encontro futuro sentir que não terá forças, não terá problemas em aposentar-se”, afirmou.
Algumas vezes Francisco foi questionado por concordar em tirar fotos com protagonistas de diferentes ambitos. Desde Barack Obama até Wanda Nara tem uma foto com o Papa. “Ele não tem problemas. Não discrimina a ninguém. Uma foto é uma foto e se essa pessoa ficar contente, não há problemas. Parece-me que é uma minúcia (discutir sobre isso)”, avaliou.
A visita à Argentina
Tal como havia demonstrado, Karcher admitiu que há grande desejo em organizar uma visita oficial em 2016. O ano coincide com os 200 anos da Independência, e o Vaticano busca datas importantes dos países nos quais irá fazer uma visita oficial. Não obstante, como responsável do protocolo do Papa, advertiu que uma viagem desta natureza à Argentina seria muito difícil de organizar logisticamente. “Acredito que em um período muito breve teria que sair a notícia oficial (para poder organiza-la como corresponde)”, analisou.
Francisco recebe diariamente muitos argentinos no Vaticano. Entende que está a serviço da Igreja, que o pediu que assumisse como bispo de Roma. Desde então adota uma atitude serena que permite viver seus dias sem uma saudade saudável de sua Buenos Aires querida.