Por: Jonas | 18 Agosto 2014
Os cristãos deveriam rejeitar os modelos econômicos desumanos que geram novas formas de pobreza e marginalizam os trabalhadores, como também a “cultura da morte” que “viola a dignidade de cada homem, mulher e criança”. Foi o que disse o Papa Francisco (foto), nesta manhã, na homilia da Missa da Assunção, celebrada no estágio coreano de Daejeon.
Fonte: http://goo.gl/duFy60 |
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 15-08-2014. A tradução é do Cepat.
Hoje é dia de festa nacional na Coreia, pois se faz memória da independência do país. Francisco, que de acordo com a programação chegaria de helicóptero, vindo de Seul, viajou de trem em razão das condições meteorológicas. No grande estádio, Bergoglio foi recebido com uma enorme ola. Quando começou a Missa, a maior parte das mulheres presentes colocou um lenço branco na cabeça.
Na homilia, o Papa voltou a pronunciar palavras que descrevem a realidade coreana, onde o cristianismo vive um grande florescimento, mas onde também não faltam os riscos do mundo e onde a sociedade tão desenvolvida e tecnologicamente avançada conhece o fenômeno da desesperança dos suicídios.
“Aprendamos de Maria, cheia de graça, que a liberdade cristã é algo mais do que a simples libertação do pecado – disse. É a liberdade que abre para um novo modo espiritual de considerar as realidades terrenas, a liberdade de amar a Deus e aos irmãos e irmãs com um coração puro”.
“Que os cristãos desta nação – continuou enfatizando – sejam uma força generosa de renovação espiritual em todos os âmbitos da sociedade. Que combatam a fascinação de um materialismo que afoga os autênticos valores espirituais e culturais e o espírito de competição desenfreada que gera egoísmo e hostilidade. Que recusem modelos econômicos desumanos, que geram novas formas de pobreza e marginalizam os trabalhadores, assim como a cultura da morte, que desvaloriza a imagem de Deus, o Deus da vida, e atenta contra a dignidade de todo homem, mulher e criança”.
Aos católicos da Coreia, o Papa Francisco apontou a “necessidade de uma renovada conversão à Palavra de Deus e uma intensa atenção aos pobres, necessitados e fracos de nossa sociedade”, e recordou que “a esperança que o Evangelho nos oferece é o antídoto contra o espírito de desesperança que parece se estender como um câncer em uma sociedade exteriormente rica, mas que, muitas vezes, experimenta amargura interior e vazio. Esta desesperança deixou sequelas em muitos de nossos jovens. Que os jovens que nos acompanham com sua alegria e confiança, nestes dias, jamais percam a esperança”.
Amar a Deus e aos irmãos com coração puro e com o futuro que Cristo também nos oferece hoje. Com a fervorosa participação de aproximadamente 50.000 fiéis que aclamaram com grande carinho sua chegada, o Papa Francisco, em união com toda a Igreja estendida pelo mundo, que “vê em Maria a Mãe de nossa esperança”, presidiu a Santa Missa da Solenidade da Assunção da Virgem Maria, em Daejeon, a 137 quilômetros de Seul. Contemplando Nossa Senhora, que nos mostra nosso destino como filhos adotivos de Deus e membros do Corpo de Cristo, o Bispo de Roma destacou que, “como Maria, nossa Mãe, somos chamados a participar plenamente na vitória do Senhor sobre o pecado e sobre a morte e a reinar com Ele em seu Reino eterno – onde reinar é servir –, tomando consciência do futuro que, também hoje, o Senhor Ressuscitado nos oferece”. Animando a invocar a Maria Mãe como Mãe da Igreja na Coreia e da esperança, que o Evangelho nos oferece – antídoto contra a desesperança que parece se estender como um câncer, em uma sociedade exteriormente rica, que muitas vezes experimenta amargura e vazio interior –, o Santo Padre reiterou que a verdadeira liberdade se encontra na acolhida amorosa da vontade do Pai.
Ao concluir, o Papa animou os fiéis a se dirigir “a Maria, Mãe de Deus, e imploremos a graça de gozar da liberdade dos filhos de Deus, de usar esta liberdade com sabedoria para servir nossos irmãos e viver e atuar de modo que sejamos sinal de esperança, essa esperança que encontrará seu cumprimento no Reino eterno, ali onde reinar é servir”. Recordou também a recente tragédia do navio “Sewol”, que naufragou em abril, quando 294 pessoas perderam a vida. “Encomendamos à Virgem, de forma particular, todos aqueles que perderam a vida no naufrágio do navio “Sewol” – disse o Papa, assim como todos aqueles que ainda sofrem as consequências deste grande desastre nacional. Que o Senhor receba os falecidos em sua paz, que console todos os que choram e que continue sustentando a todos os que tão generosamente vieram para ajudar seus irmãos e irmãs. Que este trágico episódio, que uniu todos os coreanos na dor, confirme seu compromisso para colaborar juntos, com solidariedade, pelo bem comum”. Na cerimônia de Daejeon estavam presentes os familiares das vítimas do naufrágio e alguns deles puderam cumprimentar o Papa.
Lee-Ho Ying, o pai de um dos garotos que perdeu a vida no naufrágio, pediu a Francisco o batismo e amanhã de manhã, na nunciatura, o Papa lhe administrará o Sacramento.
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“Não aos modelos econômicos desumanos que geram a pobreza”, diz o Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU