15 Agosto 2014
É uma condenação sem apelo nem ambiguidade a que foi proferida no dia 12 passado contra os milicianos do Estado Islâmico (Isis) pelo grão-mufti do Egito, Shawki Allam, logo publicado pela agência de imprensa nacional Menae e divulgado pelos principais meios de comunicação árabes.
A reportagem é de Federica Zoja, publicada no jornal Avvenire, 13-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Allam acusou os milicianos Daash – esse é o acrônimo utilizado no mundo árabe e pelas mídias iranianas – de "violarem todos os princípios do Islã" e advertiu os fiéis muçulmanos dizendo que "esse grupo sangrento representa um perigo para o Islã e para os muçulmanos no mundo". O grão-mufti apelou a todos os árabes para que combatam esses perigos.
Até agora, enquanto o avanço do extremismo islâmico no Iraque assumia o ritmo da tragédia inevitável, os mais altos cargos religiosos muçulmanos se esforçaram para encontrar linguagens, canais e autoridade necessários para rejeitar o horror. Como se os guias espirituais mais confiáveis também não soubessem como agir para deixar as coisas claras.
O resultado foi um silêncio ambíguo, pontuado pelo pronunciamento, embora significativo, de intelectuais, políticos, figuras de destaque até, mas nunca de ponta.
No dia 12, no entanto, o posicionamento, seco e claro, do grão-mufti egípcio, cujas declarações foram precedidas, na segunda-feira passada, pelas do grande imã Ahmad al-Tayyeb, a mais alta autoridade da mesquita universitária de al-Azhar, no Cairo. Ainda nada de direto, mas extrapolado do encontro ocorrido com Fouad Siniora, ex-primeiro-ministro libanês, e confiado à sempre fiel agência Mena: "Al-Azhar acompanha com atenção o que está acontecendo no mundo árabe e muçulmano e fará de tudo para combater pensamentos desviantes e anormais".
A prestigiada universidade islâmica representa o ponto de referência dos muçulmanos sunitas no mundo. Com Siniora, muçulmano sunita, o grande imã abordou questões cruciais, como extremismo, terrorismo, relações entre sunitas e xiitas, diálogo inter-religioso entre cristãos e muçulmanos.
A crise política no Iraque e a dramática situação das minorias religiosas, incluindo os cristãos, também estiveram no centro do recente encontro (9 de agosto) entre a mais alta autoridade xiita iraquiana, o grande aiatolá Ali al-Sistani, e o patriarca caldeu Louis Raphael I Sako. "Vocês fazem parte de nós, e nós fazemos parte de vocês. Vocês estão nos nossos corações, e sofremos por aquilo que está acontecendo com vocês, com os sunitas e com os xiitas, porque todos estão na mira", declarou al-Sistani, o mais influente líder religioso iraquiano.
Ao patriarca caldeu, encontrado em Najaf, al-Sistani sublinhou a disponibilidade para acolher os cristãos deslocados, que são "bem-vindos".
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''Todos os princípios do Islã foram violados'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU