06 Agosto 2014
Três anos após um estrondoso relatório da ONU, o governo da Nigéria e a Shell estão sendo acusados por ONGs de não terem feito praticamente nada contra a contaminação por petróleo em Ogoniland, no coração do delta do rio Níger.
A reportagem foi publicada pelo jornal Le Monde e reproduzido pelo portal UOL, 05-08-2014.
Essa investigação científica sem precedentes da ONU havia estabelecido a extensão e o impacto da contaminação por petróleo na região. Ela recomendava que fosse iniciada a mais ampla operação de limpeza já realizada no mundo, com uma duração estimada entre 25 e 30 anos, e que a indústria petrolífera e o governo nigeriano participassem com um montante de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 2,2 bilhões).
Desde então, as poucas medidas tomadas por Abuja e pela Shell "não passam de uma forma de esconder que nada mudou", segundo a associação Amigos da Terra Nigeria. Juntamente com a Anistia Internacional e três outras organizações, elas publicaram, na segunda-feira (4), um relatório intitulado "Shell: nenhum progresso".
Exploração excessiva do subsolo
"A Shell, até o momento, se esquivou diante da necessidade de limpar os danos que ela causou", acredita a Anistia Internacional. Em abril de 2013, a companhia petrolífera Shell enviou uma equipe para Ogoniland pela primeira vez em duas décadas para fazer um inventário de suas instalações. Na época, a companhia afirmou que se tratava de uma "etapa-chave" para se adequar ao relatório da ONU de 2011.
Em 1993, a Shell havia sido forçada a suspender suas atividades na região onde vivem os ogonis, após manifestações e protestos. A minoria ogoni --da qual nove militantes, entre eles o escritor Ken Saro-Wiwa, foram enforcados em 1995-- exige uma distribuição justa das riquezas provenientes do petróleo e indenizações pela exploração excessiva do subsolo de sua região.
A Nigéria produz cerca de 2 milhões de barris por dia, mas grande parte da população vive abaixo do limiar de pobreza, sobretudo por causa da corrupção endêmica no setor petroleiro.
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Para ONGs, Shell "esconde" que nada mudou em área contaminada por petróleo na Nigéria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU