Por: Jonas | 05 Agosto 2014
Sua irmã falou com ele nesta manhã. Revelou-a que continua refugiado em sua capela, mas que “é cada vez mais grave”. Contou que não há água potável, e que as pessoas tomam água servida e até do mar.
A reportagem é de Roxana Badaloni, publicada pelo jornal argentino Clarín, 03-08-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/4A8dnw |
A família do padre argentino Jorge Hernández contou como o sacerdote sobrevive à guerra em Gaza, onde cuida de 29 crianças deficientes, mulheres com bebês e um grupo de freiras. Silvina Hernández, a irmã do padre argentino de Gaza, disse que o padre Jorge voltou a se comunicar hoje com a sua família, que está instalada na localidade de Vila Atuel, em San Rafael: “Contou que à noite, pela primeira vez em muitos dias, não houve bombardeios e que, nesta manhã, puderam tomar café juntos: crianças, mães e idosos”.
“A falta de água potável causa desespero, é a minha maior preocupação. As pessoas estão bebendo água servida, contaminada de lixo e sangue”, revelou o padre. Aos seus pais, que estão doentes, pediu para que não olhem as notícias, para não ficarem preocupados e que ele procurará continuar se comunicando todos os dias.
O sacerdote da única igreja católica de Gaza também disse à sua irmã que continua refugiado em sua capela, junto às religiosas, mas que está muito preocupado porque “a situação de Gaza é cada vez mais grave”.
A irmã comentou que o problema é como as pessoas sobrevivem: “Há fome, não deixam entrar alimentos e também não permitem que a ONU e os organismos mundiais façam isso”. Explicou que seu irmão disse que aquilo que mais prejudica é não ter água potável: “No desespero, (as pessoas) começaram a tomar água do mar. Graças a Deus, ele ainda tem alguns recursos, mas ao ter sob sua responsabilidade as refugiadas que são mulheres com bebês e 20 crianças deficientes, a higiene é necessária e nos aponta que não resta muito mais para oferecer”.
O padre Jorge está há mais de seis anos na zona de conflito. “Esta é a terceira guerra que sofre”, disse sua irmã. E detalhou uma definição que o padre lhe disse ontem: “É a sangrenta guerra, apontada às crianças, mulheres, pessoas que sofrem”.
A mulher explicou a razão de seu irmão se negar a ser transferido para um lugar mais seguro: “Sinceramente, ele nos disse: ‘Para onde vamos?’. Toda Gaza é um perigo”. Do Oriente Médio, Marcelo Gallardo, que integra a congregação do Verbo Encarnado, a qual Hernández pertence, explicou as dificuldades que o padre tem para se comunicar com a sua família e seu grupo religioso: “É muito difícil para ele escrever e se comunicar neste momento, e tem apenas algumas horas por dia de eletricidade com os geradores, que ele aproveita para carregar os celulares”.
Em seu discurso na Casa Rosada, a presidente Cristina Kirchner voltou a pedir, ontem, pela integridade do padre, de quem as bombas destruíram parte do refúgio. “A verdade que nos dói no mais profundo. E hoje temos um sacerdote com 29 crianças deficientes refugiadas no sótão de uma Igreja. Estamos em contato para lhe enviar provimentos. São crianças que o padre não quer abandonar”, disse a mandatária.
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O padre argentino em Gaza: “É uma guerra contra as crianças” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU