Por: Cesar Sanson | 28 Julho 2014
Mais de 130 corpos são encontrados em Gaza durante trégua humanitária três semanas após início da ofensiva israelense, mais de mil palestinos foram mortos e quarteirões inteiros devastados na Faixa de Gaza. Israel concorda em prolongar cessar-fogo por mais quatro horas.
A reportagem é de Mariana Santos e publicada por Deutsche Welle, 26-07-2014.
Uma trégua humanitária de 12 horas na Faixa de Gaza mostrou neste sábado (26/07) a dimensão da violência entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas. Poucas horas depois do início do cessar-fogo temporário, pela manhã, foram encontrados mais de 130 corpos nos escombros das casas e prédios destruídos em Gaza, afirmaram equipes de resgate palestinas.
Enquanto isso, em Paris, os ministros das Relações Exteriores de sete países – Alemanha, França, EUA, Itália, Reino Unido, Catar e Turquia – reuniram-se também neste sábado para discutir saídas para o fim da violência entre Israel e o Hamas. A pedido dos países, Israel concordou em prolongar o cessar-fogo por mais quatro horas. A prorrogação não foi confirmada pelo lado do Hamas.
"No que depender de Israel, não há motivo para impedir que as pessoas na Faixa encham suas dispensas, desde que o Exército possa continuar suas ações frente aos túneis (do Hamas)", afirmou um representante do governo israelense. "Não estamos em guerra contra a população", garantiu.
Durante o encontro em paris, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, afirmou acreditar que uma trégua permanente na região só pode ser alcançada com uma solução conjunta. "Tenho a impressão de que o terceiro conflito de Gaza está sendo mais duro do que os dois anteriores, em 2008 e 2012. Por isso, são necessários grandes esforços", afirmou Steinmeier.
Mais de mil mortos
Com o cessar-fogo, equipes de resgate puderam entrar pela primeira vez em regiões da Faixa de Gaza inacessíveis durante vários dias devido aos bombardeios israelenses. Em muitos lugares, pôde-se ter uma ideia da destruição: blocos residenciais inteiros foram ao chão.
Alguns palestinos compararam a dimensão da devastação com "um terremoto de escala 10".
Desde o início da ofensiva israelense, há cerca de três semanas, mais de mil palestinos foram mortos, segundo dados das equipes de resgate palestinas da tarde deste sábado. Pelo lado israelense morreram até agora 37 soldados e três civis.
Muitos palestinos aproveitaram a trégua para retornar às suas casas e verificar o estado das coisas, além de buscar alimentos e alguns pertences.
O cessar-fogo de 12 horas que se iniciou na manhã de sábado foi acertado entre o governo israelense e o grupo Hamas na sexta-feira. As chances de uma trégua de vários dias foram aniquiladas desde o princípio, quando o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou uma respectiva proposta do secretário de Estado americano, John Kerry.
Retomada de voos para Israel
As companhias aéreas alemãs Lufthansa e Air Berlin anunciaram que recomeçam os voos para Tel Aviv a partir deste sábado. Depois que foguetes caíram próximo ao aeroporto mais importante do país, na última terça-feira, autoridades americanas e europeias de segurança aérea proibiram voos para a cidade.
Essa proibição já havia sido abolida na quinta-feira, mas diferentemente de companhias aéreas americanas, como a Delta Air Lines e US Airways, a Lufthansa e a Air Berlin mantiveram cancelados seus voos para Tel Aviv também na sexta-feira.
O sindicato alemão de pilotos Cockpit criticou a retomada dos voos para Israel por parte da Lufthansa. "Não podemos compreender a decisão sob o ponto de vista técnico e de segurança. Pelo que sabemos, a situação de perigo não mudou em nada nos últimos dias", afirmou o porta-voz do sindicato Cockpit Jörg Hardwerg ao site do jornal Handelsblatt.
Hardwerg disse que a defesa antiaérea de Israel não é capaz de interceptar 100% dos foguetes. Para o porta-voz, ele próprio um piloto da Lufthansa, só pode haver duas razões para a retomada dos voos pela companhia alemã. "Ou ela [Lufthansa] foi obrigada a retomar as operações sob pressão, ou seja, pressão de Israel, pressão política de Berlim, ou os interesses econômicos estão em primeiro plano."
A Lufthansa rejeitou as acusações. Segundo a empresa, a Lufthansa foi uma das últimas companhias aéreas do mundo a decidir voar novamente para o Aeroporto Ben Gurion. "Na Lufthansa, a decisão de voar ou não é tomada apenas sob o aspecto da segurança", afirmou o porta-voz.
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