Por: André | 30 Junho 2014
Por que tantas pessoas seguiam Jesus? Esta é a pergunta sobre a qual refletiu o Papa Francisco durante a homilia matutina na Capela da Casa Santa Marta, nesta quinta-feira, segundo indicou a Rádio Vaticano. O povo confia em Jesus porque reconhece que é o Bom Pastor, destacou o Papa Francisco, que também chamou a atenção para aqueles que reduzem a fé a moralismos ou buscam acordos com o poder.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada no sítio Vatican Insider, 26-06-2014. A tradução é de André Langer.
As pessoas seguiam Jesus porque “estavam admiradas com seu ensinamento”; as suas palavras “criavam admiração em seus corações, a admiração de encontrar algo de bom, grande”, disso o Papa Francisco. Os outros, ao invés, “falavam, mas não chegavam até as pessoas”.
O Papa enumerou quatro grupos de pessoas que falavam na época de Jesus: primeiro, os fariseus. Esses, disse, “faziam do culto de Deus, da religião, uma série mandamentos e dos dez que existiam criavam mais de trezentos”. Colocavam “este peso” sobre os ombros do povo. Era, acrescentou o Papa, “uma redução da fé no Deus vivo à casuística”. E havia também “contradições da casuística mais cruel”.
“Mas, ‘você tem que cumprir – por exemplo – o quarto mandamento’; ‘Sim, sim, sim’; ‘Deve dar de comer ao seu pai idoso, à sua mãe idosa’; ‘Sim, sim, sim’. ‘Mas, como você sabe, eu não posso, porque eu dei o meu dinheiro para o templo!’; ‘Você não faz isso?’ E os pais estão morrendo de fome! É assim: são as contradições da casuística mais cruel. As pessoas as respeitavam, porque as pessoas são respeitosas. Respeitavam-nas, mas não as ouviam! E iam embora ...”
Outro grupo, disse Francisco, era o dos saduceus. “Eles – observou – não tinham fé, tinham perdido a fé! Faziam o seu trabalho religioso no caminho dos acordos com os poderes: os poderes políticos, os poderes econômicos. Eram homens de poder”. Um terceiro grupo, prosseguiu, “era o dos revolucionários”, ou seja, dos zelotas que “queriam fazer a revolução para libertar o povo de Israel da ocupação romana”. O povo, no entanto, observou o Papa, “tem bom senso e sabe distinguir quando a fruta está madura e quando não! E não os seguiam”. O quarto grupo, continuou Francisco, era o grupo de “gente boa: eram os essênios”. Eles eram monges que consagravam suas vidas a Deus. No entanto, advertiu, “eles estavam longe das pessoas e as pessoas não podiam segui-los”.
As vozes destas pessoas, afirmou o Pontífice, “eram as vozes que vinham do povo e nenhuma destas vozes tinha a força de aquecer o coração do povo”. “Mas, Jesus sim! As multidões – explicou o Papa – ficavam impressionadas: ouviam Jesus, e o coração se aquecia; a mensagem de Jesus chegava ao coração!” Jesus, reiterou Francisco, “se aproximava do povo”, “curava o coração do povo” e entendia suas dificuldades. Jesus, continuou o Papa, “não tinha vergonha de falar com os pecadores, ia ao seu encontro”. Pelo contrário, “sentia prazer em fazê-lo”. E isso porque Jesus é “o Bom Pastor”: as ovelhas ouvem sua voz e o seguem.
“É por isso que o povo seguia Jesus, porque era o Bom Pastor. Não era nem um fariseu casuístico moralista, nem um saduceu que fazia acordos sujos com os políticos e os poderosos, nem um guerreiro que buscava a libertação política do seu povo, nem um contemplativo do mosteiro. Era um pastor! Um pastor que falava a língua do seu povo, comunicava, dizia a verdade, as coisas de Deus: jamais as negociava! Mas as dizia de tal modo que o povo amava as coisas de Deus. Por isso O seguia.”
“Jesus – prosseguiu Francisco – jamais se afastou do povo e do seu Pai”. “Justamente por estar tão unido a Ele, era próximo do povo”. Cristo “tinha esta autoridade e, por isso, o povo o seguia”. O Papa convidou para contemplar a Jesus, o Bom Pastor, porque Ele nos fará pensar sobre quem gostamos de seguir.
“Quem eu gosto de seguir?”, concluiu Bergoglio: “os que me falam de coisas abstratas ou de casuísticas morais; os que se dizem do povo de Deus, mas não têm fé e negociam tudo com os poderes políticos, econômicos; os que querem sempre fazer coisas estranhas, destrutivas, guerras ditas de libertação, mas que no final não são os caminhos do Senhor; ou um contemplativo distante? Quem gostamos de seguir?”
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“O povo seguia Jesus porque não fazia casuística moralista nem acordos”, diz Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU