Por: André | 06 Junho 2014
Durante o seu discurso aos membros da Renovação Carismática, o Papa foi preciso em suas recomendações, a tal ponto que seus comentários foram amplamente comentados no início desta semana. Devem ser lidos como críticas ou como incentivos?
Fonte: http://bit.ly/1l8Dyjv |
A reportagem é de Bosco d’Otreppe e publicada no sítio francês La Vie, 04-06-2014. A tradução é de André Langer.
"Quem ama corrige." Esta é, sem dúvida, uma das máximas de Francisco.
No domingo, 01 de junho, o Papa foi recebido por 52.000 pessoas em festa no Estádio Olímpico de Roma, que trocou as cores do futebol italiano pelas da Renovação Carismática mundial, por ocasião do 37º congresso desse movimento.
Francisco, que expressou a alegria que ele tinha por encontrá-los, preparou minuciosa e cuidadosamente as suas palavras. Palavras "paternais", mas firmes, e que alimentaram as conversas dessa segunda-feira em Roma, ao término desses dias de convenção.
Uma escola de samba?
Francisco, que prestou uma homenagem "à diversidade de carismas" da Renovação Carismática, não hesitou em criticar as possíveis lutas internas, a organização, por vezes, "excessiva", ou ainda o fato de querer "controlar a graça de Deus" ("Sejamos dispensadores da graça de Deus e não seus controladores").
O Papa comprometeu-se com a Renovação em 2017 quando esta comemora o seu Jubileu de Ouro, na Praça de São Pedro. A Rádio Vaticano, entrevistando Guy de Kerimel, o bispo de Grenoble-Vienne e oriundo das fileiras da Renovação Carismática, quis saber se o tom que Francisco usou em suas palavras era de advertência ou de encorajamento.
"O Papa reenvia a Renovação à sua graça", explicou o bispo. Ele "ajuda os seus membros a tomar consciência da graça que lhes foi dada, não só para si, mas para toda a Igreja."
O bispo não vê nelas, portanto, nenhuma chamada à ordem, mas pontos de atenção, explica à Rádio Vaticano. "Ele lembrou que Jesus é o único chefe. Em um grupo, há ocasionalmente a tentação do poder, de pensar que nós detemos o discernimento ou ainda temos o melhor carisma".
Finalmente, fiel a si mesmo, o Papa aproveitou esta oportunidade para definir uma Igreja unida e "dócil ao Espírito Santo", o que ele já lembrava na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Surpreendendo a assembleia, Francisco reconheceu que na época da sua criação ele não gostava muito da Renovação Carismática, comparando-a com "uma escola de samba", mas que hoje ele "percebe sua graça de fundo", precisa o bispo Guy de Kerimel. "É por isso que ele quer que ela seja preservada".
O cuidado pastoral de Francisco
Mais uma vez, o Papa mostra o quanto ele quer incentivar, a que ponto ele cuida dos seus, analisa Marie Malzac, jornalista da agência I.Media. "Seu discurso foi cuidadosamente preparado e preciso. Ele está ancorado nas características próprias do movimento, na sua história. Francisco não ignora as dificuldades, mas quer converter cada um ao essencial dos seus carismas”.
Palavras similares àquelas que encontramos quando o Papa se dirige aos padres, advertindo-os contra o clericalismo, aos cardeais criticando neles o mundanismo, ou, ultimamente, ainda quando se dirigiu aos membros do Caminho Neocatecumenal. "Essas críticas, feitas dessa forma, ressoam como um incentivo e são um sinal do seu cuidado pastoral, assim como do seu amor pelos seus”.
Por outro lado, sua visão da Renovação Carismática está na linha daquela dos seus antecessores, "atentos e encorajadores, situando a Renovação na Igreja católica, para a Igreja e para o mundo", concluiu dom Guy de Kerimel, em sua conversa com a Rádio Vaticano.
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O que Francisco quis dizer aos carismáticos? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU