Por: Cesar Sanson | 23 Mai 2014
Grupo reunia 17,3 milhões de pessoas em abril e representava mais de 90% da população inativa das seis maiores regiões metropolitanas.
A reportagem é da agência Folhapress e reproduzida pelo jornal Gazeta do Povo, 22-05-2014.
Há meses, ronda entre economistas e o próprio governo uma dúvida: como a taxa de desemprego cai se a geração de vagas está estagnada? A resposta é uma migração vigorosa das pessoas para a inatividade e o grosso delas, indagadas pelo IBGE, responde: eu não gostaria de trabalhar.
Esse grupo correspondia a 17,3 milhões de pessoas em abril deste ano, 5,5% mais do que os 16,4 milhões do mesmo mês de 2013. Os que não querem trabalhar correspondem à maior fatia dos 19,2 milhões de inativos nas seis maiores regiões metropolitanas do país: 90,5%.
O outro grupo de maior peso é composto pelos que entram e saem do mercado de trabalho em momentos específicos ou os que fazem trabalhos eventuais, mas não estavam empregados nem à procura de trabalho nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa -período de referência para compor o grupo que está economicamente ativo, ou seja, na força de trabalho de modo mais efetivo.
Os inativos são o segundo grupo mais importante da população que tem idade para trabalhar (10 anos ou mais). Perde só para os que estão ocupados: 22,9 milhões em abril de 2014.
O instituto não investiga os motivos que levam as pessoas a não quererem trabalhar, mas traça seu perfil. São majoritariamente mulheres (em geral, que não chefiam a família), jovens principalmente até 24 anos (o que indica que há um foco maior na qualificação profissional e condiz com os dados de aumento da escolaridade que cresce desde o Plano Real) e concentrados nas regiões de maior rendimento e de população mais envelhecida: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
"Os maiores movimentos estão nos extremos da pirâmide etária da pesquisa [jovens e pessoas com mais de 50 anos] entre os mais jovens e os mais velhos, o que pode ter relação, nesse caso, com o envelhecimento da população, sobretudo nessas regiões que têm um contingente maior de idosos", diz Adriana Berenguy, técnica do IBGE.
Para a economista, o aumento da renda nos últimos anos possibilitou mulheres e jovens – que, em sua maioria, não são arrimos de família - a saírem do mercado de trabalho para se dedicarem a outras atividades, como cuidar da casa e dos filhos ou estudar e se qualificar por mais tempo até procurar um trabalho.
Ainda que num ritmo menor do que em períodos anteriores, a renda segue em expansão, com alta de 2,6% na comparação a abril de 2013. O recuo de 0,6% de março para abril está ligada à inflação que persistiu em patamar elevado. Para a Rosenberg & Associados, o rendimento médio recua em relação ao mês anterior pelo segundo mês consecutivo, "sinalizando que o mercado de trabalho está passando por um processo gradual de descompressão" - leia-se, deterioração.
A piora da renda ao lado do "pequeno incremento da população ocupada", diz a consultoria, há um "processo de descompressão do mercado de trabalho lento e gradual que, no curto prazo, poderá coexistir com uma tendência declinante da taxa de desemprego, por mais contraditório que isso possa parecer."
Tal contradição se explica pela menor procura por trabalho e a migração das pessoas que a inatividade, o que fez a força de trabalho -em termos técnicos chamada de População Economicamente Ativa, que agrega ocupados e quem procura emprego- cair 0,8% frente a abril de 2013.
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17 milhões de pessoas não querem trabalhar, diz IBGE - Instituto Humanitas Unisinos - IHU