06 Mai 2014
"Em suma, o neto de Tancredo calou quando seu companheiro propôs fazer com Dilma o que o golpista Lacerda queria para Getulio em 1954. O que diria seu avô?", escreve Mário Magalhães, jornalista e autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, em artigo publicado em seu blog no portal UOL, 02-05-2014.
Eis o artigo.
No fim da madrugada de 24 de agosto de 1954, o oposicionista Carlos Lacerda defendeu que o presidente Getulio Vargas fosse mandado “para o Galeão'', como registra entrevista sua à Rádio Globo que a posteridade preservou em gravação nítida. Em seguida, o ex-ditador matou-se com um tiro no peito.
Noutras palavras, Lacerda bradou pela prisão de Getulio, contra quem não havia _e continua não havendo_ prova alguma de envolvimento no tresloucado e criminoso atentado contra o jornalista no começo daquele mês. Na ocasião, foi assassinado o guarda-costas de Lacerda, Rubens Vaz, oficial da FAB.
Nesta quinta-feira, 1º de maio de 2014, o deputado Paulinho da Força esgoelou-se em praça pública sugerindo que a presidente Dilma Rousseff vá em cana: “Se fizer tudo o que disse na televisão ontem, quem vai acabar na Papuda é ela''.
Como se sabe, os petistas e aliados condenados no processo do Mensalão cumprem pena no presídio da Papuda.
Não entendi se Paulinho é contra o aumento do Bolsa Família ou a redução do Imposto de Renda ou contra tudo. Até onde eu sei, são legais os trâmites propostos pela presidente para implantar as mudanças, cujo mérito são outros quinhentos. Nem seus prováveis adversários na disputa pelo Planalto, a despeito de divergirem das propostas, afirmam o contrário.
Seis décadas atrás, o ministro da Justiça defendeu com bravura a legalidade constitucional, contra o golpe de Estado iminente contra Getulio, governante eleito pelo povo. O ministro, homem de bem, chamava-se Tancredo Neves.
Ontem, ao lado de Paulinho no palanque, estava Aécio Neves, neto de Tancredo. Aécio não disse uma palavra se contrapondo ao surto lacerdista do seu apoiador na campanha presidencial.
Em suma, o neto de Tancredo calou quando seu companheiro propôs fazer com Dilma o que o golpista Lacerda queria para Getulio em 1954.
O que diria seu avô?
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Paulinho imita Lacerda em 1954 contra Getulio. Neto de Tancredo, Aécio cala - Instituto Humanitas Unisinos - IHU