25 Abril 2014
Momento de máximo esplendor para o Comunhão e Libertação, que, apesar do esquecimento em que mergulhou o seu mais ilustre expoente, o cardeal de Milão, Angelo Scola, depois da eleição fracassada ao pontificado, está vivendo com o advento de Francisco uma página positiva da sua história.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 23-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Sem movimentos não se cantam missas. O Papa Francisco também se deu conta disso no seu primeiro ano de pontificado, movendo-se com destreza entre as demandas dos diversos movimentos eclesiais, sempre em busca de visibilidade e, sobretudo, de aprovações pontifícias para o seu trabalho.
Quem sobe e quem desce com Bergoglio? Momento de máximo esplendor para o Comunhão e Libertação, que, apesar do esquecimento em que mergulhou o seu mais ilustre expoente, o cardeal de Milão, Angelo Scola, depois da eleição fracassada ao pontificado, está vivendo com o advento de Francisco uma página positiva da sua história.
Em comparação com quando Bergoglio foi eleito, porém, a sua presença no governo italiano se reduziu para metade. Dos dois ministros do Comunhão e Libertação, Mario Mauro e Maurizio Lupi, que faziam parte da equipe liderada por Enrico Letta, com o primeiro-ministro Renzi restou apenas um, Lupi, que manteve o seu assento no Ministério de Infra-estrutura e Transportes.
Momento positivo também para os Focolares e para a Comunidade de Santo Egídio, fundada pelo ex-ministro do governo Monti, Andrea Riccardi (foto), que, depois de um período decisivamente difícil vivido durante o pontificado de Bento XVI, ganhou novamente posições importantes.
Viu-se isso particularmente no caso que envolveu o seu conselheiro espiritual, Dom Vincenzo Paglia, que, apesar de ter deixado na diocese de Terni, que ele liderou por 12 anos, um buraco econômico de mais de 20 milhões de euros, não foi removido do cargo de presidente do Pontifício Conselho para a Família. Papel que ele ocupa há apenas dois anos, ou seja, desde que Bento XVI foi forçado a transferi-lo para Roma por causa da instabilidade econômica em que a diocese de Terni se encontrava.
Um "privilégio" – o de deixar Paglia hoje no seu posto, ou seja, na cúpula de um dicastério da Santa Sé – que não foi concedido ao seu "gêmeo alemão", o já ex-bispo de Limburg, Dom Franz-Peter Tebartz-van Els, que foi removido por Bergoglio da liderança da sua diocese por ter gasto 31 milhões de euros para a reestruturação da sua sé episcopal.
"Dois pesos e duas medidas", é o comentário que um prelado idoso confidencia ao jornal Il Fatto, em dois episódios que têm em comum um enorme buraco econômico. Ainda como cardeal de Buenos Aires, Bergoglio tinha grande admiração pelo trabalho da chamada "ONU do Trastevere" e todos os anos presidia a missa pelo aniversário de nascimento do movimento fundado por Riccardi. "Homens dedicados ao martírio da paciência" e "artesãos da pacificação", ele os definiu em 2008.
Bergoglio expressou também um sinal de particular predileção pela Renovação no Espírito. Francisco, de fato, estará expondo no Stadio Olimpico de Roma no dia 1º de junho próximo para a 37ª convocação do movimento presidido por Salvatore Martinez. Será a primeira vez que o papa latino-americano pisará em um estádio e também a primeira vez que participará do encontro de um movimento eclesial desde que foi eleito ao pontificado. Até agora, Bergoglio sempre recebeu apenas no Vaticano os diversos representantes dos movimentos eclesiais.
Decisivamente em queda, ao invés, está o Caminho Neocatecumenal, fundado pelo pintor espanhol Kiko Argüello (foto). Depois da lua de mel com Bento XVI, com o qual o movimento obteve a aprovação definitiva do estatuto pelo Pontifício Conselho para os Leigos e o placet para o "Diretório Catequético", com o Papa Francisco as relações não são boas.
A audiência do dia 1º de fevereiro passado na Sala Paulo VI foi, para os neocatecumenais e para o seu fundador em primeiro lugar, um verdadeiro balde de água fria. Bergoglio dirigiu aos presentes algumas "simples recomendações": "Ter o máximo de cuidado para construir e conservar a comunhão dentro das Igrejas particulares nas quais vocês irão atuar; a liberdade de cada um não deve ser forçada, e também se deve respeitar a eventual escolha de quem decidir buscar, fora do Caminho, outras formas de vida cristã que o ajudem a crescer na resposta ao chamado do Senhor".
Palavras duríssimas, que Kiko Argüello não digeriu em nada e escreveu uma carta a Francisco para pedir esclarecimentos. Logo em seguida chegou a resposta do sostituto da Secretaria de Estado, Dom Giovanni Angelo Becciu, que, com a típica linguagem curial, obviamente não se distanciou um milímetro das palavras do papa.
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Com Francisco, Comunhão e Libertação e Comunidade de Santo Egídio sobem. Neocatecumenais descem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU