Por: Jonas | 16 Abril 2014
Nadine Heredia (na foto, à direita de Ollanta Humala), carismática e popular, tem uma importante parcela de poder na tomada de decisões do governo de Ollanta Humala. Há muitas especulações sobre suas supostas ambições presidenciais, algo que ela nega.
Fonte: http://goo.gl/RGi27p |
A reportagem é de Carlos Noriega, publicada por Página/12, 14-04-2014. A tradução é do Cepat.
Jovem, carismática, popular, mas também controvertida e questionada, Nadine Heredia se tornou uma figura atuante no governo de seu esposo, o presidente Ollanta Humala. Seu protagonismo cresceu a tal nível que no país se fala de um cogoverno de Ollanta e Nadine. Alguns, começando pelos rivais, vão mais além: asseguram que Nadine é o poder por trás do trono, que é ela quem governa. Isto parece um exagero, contudo, é de convencimento majoritário que Nadine tem uma importante parcela de poder na tomada de decisões do governo. Há muitas especulações sobre suas supostas ambições presidenciais, algo que ela nega.
Contra a sua candidatura há uma lei que a proíbe de se candidatar em 2016 por ser esposa do presidente em exercício, embora não se descarte uma mudança desta norma, e a queda na aceitação do governo e de sua própria popularidade.
Nos ambientes políticos, nas redações jornalísticas e também nas ruas se comenta que a primeira-dama decide nomeações e saídas de ministros, que despacha diretamente com eles, que há algumas pastas ministeriais que estão sob sua influência direta. É a principal ativista dos programas sociais, um assunto central na política do governo. Seus críticos a acusam de usar estes programas para promover sua imagem. A primeira-dama apareceu como porta-voz do governo em momentos críticos, quando o presidente Humala guardava silêncio. Em dezembro passado, para que não restem dúvidas de seu poder, foi nomeada, a pedido de seu esposo, presidente do Partido Nacionalista, cargo que, até então, o próprio Ollanta exercia.
Ollanta e Nadine se casaram em inícios de 1999, quando ela tinha 22 anos e ele 36. Ollanta era então um oficial do exército. Ambos vêm de famílias andinas, da região de Ayacucho, origem que facilitou para Nadine sua conexão com as comunidades andinas. Apesar de muitos anos mais jovem que Ollanta, Nadine é prima da mãe de seu esposo. O casal tem três pequenos filhos, duas mulheres e um homem.
Aos seus 37 anos – nos próximos dias completará 38 -, Nadine Heredia não é uma primeira-dama tradicional. E isso dirigiu as luzes e críticas sobre ela. Nadine, que estudou Ciências da Comunicação, Sociologia e Ciência Política, esteve ativamente presente em toda a carreira política de seu esposo. Juntos fundaram, em 2005, o Partido Nacionalista, pouco depois que o comandante Ollanta Humala saiu do exército. Empreenderam um projeto político, e seis anos depois o casal chegou ao Palácio do Governo, para, segundo a sensação majoritária no país, cogovernarem.
Nadine foi um fator importante para a popularidade do governo em seu início, mas agora os questionamentos à sua ativa participação nas decisões do Executivo estão fragilizando o presidente Humala e o governo. Ela é o alvo predileto dos ataques da oposição e dos meios de comunicação. Cada ação, cada declaração sua, é posta sob a lupa. Nas pesquisas, a primeira-dama sempre esteve acima do presidente, mas sua popularidade começou a cair drasticamente. De acordo com a agência de pesquisas CPI, o apoio a Nadine caiu de 50 para 31% entre fevereiro e abril. O excessivo protagonismo parece estar começando a lhe deixar a conta. O presidente Humala, de sua parte, caiu de 40,7 para 21,2%, entre fevereiro e abril.
As denúncias de intromissão da primeira-dama nas decisões do governo não são poucas. A última gerou uma grave crise governamental. Em fevereiro, o primeiro-ministro, César Villanueva, renunciou depois que a primeira-dama desmentiu publicamente seu anúncio de um possível aumento do salário mínimo. O Congresso negou o voto de confiança ao novo primeiro-ministro, René Cornejo, argumentando uma ingerência de Nadine nas decisões do Executivo e na designação do novo gabinete. Após alguns dias, a maioria parlamentar mudou sua decisão e apoiou Cornejo, mas as críticas a Nadine não diminuíram.
Há alguns dias, o Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, defendeu a primeira-dama. Declarou que gostaria de vê-la como candidata presidencial, em 2021, porque a lei a proíbe para as próximas eleições de 2016. O escritor disse que quando conheceu o casal presidencial “me pareceu que a maior experiência política no casal era de Nadine”.
“Ollanta e Nadine coordenaram sempre juntos o Partido Nacionalista, como se fosse propriedade deles, e o mesmo estão fazendo com o governo. Ela participa ativamente na tomada de decisões do governo, os dois se dividem no trabalho, decidem no mesmo nível. Sem dúvida há um cogoverno. Nadine é mais inteligente que Ollanta e sabe chegar melhor até as pessoas”, declarou ao jornal Página/12 o sociólogo e analista político Sinesio López. “Antes de assumirem o governo, Nadine aparecia como progressista, mas depois ela teve um papel central no convencimento de Ollanta para que girasse à direita, participou da nomeação dos ministros mais neoliberais. Foi ela quem conduziu a ministro da Economia um neoliberal como (Luis Miguel) Castilla”, disse Sinesio López, que colaborou com o governo de Humala na primeira etapa.
Nadine Heredia responde a seus detratores afirmando que ela não cogoverna, que apenas apoia seu esposo, que a atacam para fragilizar o governo e por machismo, e repetiu mais de uma vez que não será candidata à presidência, mas seus críticos não parecem acreditar.
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O retrato da primeira-dama do Peru - Instituto Humanitas Unisinos - IHU