Por: André | 14 Abril 2014
No Vaticano, já ninguém duvida. Bento XVI estará presente na canonização de João XXIII e João Paulo II. Seu sucessor, a quem prometeu obediência desde a sua renúncia, o quer assim. O “Papa emérito”, segundo seu título oficial, já manifestou a mesma submissão ao participar do Consistório que criou os novos cardeais, na Basílica de São Pedro, no dia 22 de fevereiro, a pedido do Papa Francisco.
Fonte: http://bit.ly/NnGviE |
A reportagem é de Sébastien Maillard e publicada no sítio do jornal francês La Croix, 09-04-2014. A tradução é de André Langer.
Este, em uma entrevista ao Corriere della Sera, recentemente publicada (05 de março), deu sua explicação: “O Papa Emérito não é uma estátua em um museu, é uma instituição”. Uma instituição que “participa da vida da Igreja”. Uma instituição, por definição chamada a perdurar. Francisco fez um paralelo com a instituição dos bispos eméritos. Dessa maneira, poderemos ter outros papas eméritos. Ele dá a entender, sem ambiguidades, que também poderá ser um quando achar que terá chegado a sua hora de renunciar.
O que aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2013 responde a um fato consumado, de enorme efeito, de um momento histórico singular. Em resposta a uma carta de Andrea Tornielli, vaticanista italiano do La Stampa, próximo ao novo papa, Bento XVI confirmou, rebatendo canonistas que ainda alimentam dúvidas, que sua decisão de renunciar foi legítima e plenamente efetiva.
Então, está instalada na paisagem da Igreja, inscrita em mármore romano, a instituição do papa emérito. No dia 27 de abril próximo deverá significá-lo para o mundo inteiro. E esta participação nova na vida da Igreja não se limita às celebrações pontifícias. O Papa Francisco, que valoriza tanto “a sabedoria dos anciãos”, aconselha-se com Bento XVI. Dessa maneira, esse último leu e corrigiu a longa entrevista que seu sucessor deu às revistas jesuítas.
Certamente, essas novas maneiras de agir ainda nos surpreendem. Elas podem nos desorientar, uma vez que os séculos anteriores não nos prepararam para isso. A imagem é impactante. Seria lamentável se desse a impressão de que a Igreja teria hoje “dois papas”, como observa a este respeito um funcionário da cúria. Seria uma pena também se esta novidade – chocante para alguns – nos privasse de já apreciar a prometida riqueza.
Como toda instituição, a do papa emérito está sujeita à maneira como ela será administrada pelos homens que virão. A convivência de um papa e os eméritos poderá variar segundo o temperamento de uns e outros, de acordo com o comportamento também daqueles que os acompanham, como atualmente é o caso do Georg Gänswein, ao mesmo tempo prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular de Bento XVI.
Aquele que estreia como papa emérito sabe que sua condição fará escola, que ela servirá de referência. Bento XVI permanece discreto e humilde, não atiça a nostalgia daqueles que, especialmente no Vaticano, lamentam sua renúncia. Sobretudo, ele insiste, desde o começo, na plena obediência ao único papa em função. Obediência cultivada como uma grande virtude da vida cristã. Obediência que o primeiro papa emérito destacou com um gesto cheio de delicadeza, mas de estridente simbolismo, no último Consistório.
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O Papa e os eméritos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU