09 Abril 2014
Começará nessa quarta-feira, 9 de abril, na Praça de São Pedro, a viagem da grande cruz feita com a madeira dos barcos de Lampedusa provenientes das costas líbias. Com 2,8 metros de altura e com 1,5 metro de largura, pesando 60 quilos, a cruz será apresentada ao Papa Francisco para a sua bênção durante a Audiência geral. Aí começará a sua peregrinação por toda a Itália, para levar uma mensagem de solidariedade e de paz entre comunidades, paróquias, culturas, cidades, religiões.
A reportagem é do jornal L'Osservatore Romano, 08-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A iniciativa, denominada justamente de "Viagem da Cruz de Lampedusa", é promovida pela fundação Casa dello Spirito e delle Arti, ativa há vários anos em Milão no âmbito da cultura, da música e das artes, entendidas como instrumentos a serviço das camadas mais frágeis da população, particularmente das crianças e dos jovens que vivem em situações de grave instabilidade social. Alguns membros da fundação participarão da audiência geral para apresentá-la ao papa.
Em uma espécie de "corrida de revezamento espiritual", a cruz passará de comunidade em comunidade, parando nas paróquias que desejam acolhê-la, para depois ser hospedada definitivamente na igreja de Santo Estevão, em Milão.
Dessa forma – explicam os promotores – a cruz poderia se tornar não só destino de oração e de peregrinação para todos os fiéis leigos tocados pelo drama de Lampedusa, mas também registro permanente de uma memória que não deve nem pode desaparecer.
A obra foi realizada pelo carpinteiro lampedusano Franco Tuccio, autor também do báculo usado pelo Papa Francisco no dia 8 de julho do ano passado, durante a visita à ilha da Sicília. Ainda no ano passado, a diocese de Milão encomendara 150 cruzes, feitas com a madeira dos barcos, por ocasião do rito que é realizado na catedral lombarda no dia 2 de novembro para homenagear as vítimas do naufrágio do dia 3 de outubro de 2013.
O projeto "Viagem da Cruz de Lampedusa" também nasce de outro precedente. Na ilha, ainda em 2008, a fundação já tinha dedicado uma obra de arte à memória dos migrantes mortos e desaparecidos no mar. Naquela ocasião, Mimmo Paladino tinha construído e instalado na ilha uma porta chamada "Porta de Lampedusa, porta da Europa" (foto ao lado), visível do mar e do porto, que marca e representa o símbolo da acolhida, de um lado, e o traço da memória, de outro.
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A viagem da ''Cruz de Lampedusa'', construída com restos de barcos de migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU