Por: André | 07 Abril 2014
Quando se anuncia o Evangelho, sofre-se perseguições: palavra do Papa Francisco. Na homilia da missa matutina desta sexta-feira, na Capela da Casa Santa Marta, Francisco recordou que hoje há mais mártires que nos primeiros tempos da Igreja, segundo indicou a Rádio Vaticano. Por isso, o Papa convidou os fiéis a não temer as incompreensões nem a perseguição.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada no sítio Vatican Insider, 04-04-2014. A tradução é de André Langer.
O Papa desenvolveu sua homilia começando pela passagem do Livro da Sabedoria, na primeira leitura. E observou que os inimigos de Jesus armam armadilhas e tramam “calúnias. É “como se preparassem um caldo para destruir o Justo”. E isso porque se opõe às suas ações, “reprova os pecados contra a lei”, joga na cara “a transgressão contra a educação recebida”. Ao longo da história da salvação, observou o Santo Padre, “os profetas foram perseguidos”, e o próprio Jesus o diz aos fariseus. Sempre “na história da salvação, no tempo de Israel, inclusive na Igreja – disse –, os profetas foram perseguidos”. Perseguidos porque os profetas dizem: “Vocês erraram de caminho. Voltem ao caminho de Deus”. E disso, observou, “as pessoas que têm o poder daquele caminho equivocado não gostam”.
"O Evangelho de hoje é claro, não é? Jesus se escondia, naqueles últimos dias, porque ainda não tinha chegado sua hora, mas Ele sabia qual seria o seu fim, como seria seu fim. Jesus foi perseguido desde o início: recordemos que no início de sua pregação Ele volta à sua cidade, vai à Sinagoga e prega. Depois de uma grande admiração, eles começam: ‘esse aí nós sabemos de onde vem. Ele é um de nós. Com que autoridade ele vem nos ensinar? Onde estudou?’ O desqualificam! É o mesmo discurso, não? ‘Mas ele sabemos de onde é! O Cristo, ao invés, quando virá ninguém saberá de onde é!’ Desqualificar o Senhor, desqualificar o profeta para tirar a autoridade!”
Desqualificam-no, disse Francisco, “porque Jesus saía e fazia sair daquele ambiente religioso fechado, daquela jaula.” O profeta, reiterou o Papa, “luta contra as pessoas que enjaulam o Espírito Santo. Por isso, é perseguido: sempre!” Os profetas “sempre são perseguidos ou não compreendidos – afirmou o Pontífice –, deixados de lado. Não lhes dão espaço! Esta situação não terminou com a morte e ressurreição de Jesus: continuou na Igreja! Perseguidos fora e perseguidos dentro! Quando lemos a vida dos Santos, quantas incompreensões, quantas perseguições eles sofreram porque eram profetas".
“Também muitos pensadores na Igreja foram perseguidos. Penso em um, agora, nesta época, não muito distante de nós, um homem de boa vontade, um profeta realmente, que com os seus livros reprovava a Igreja de se distanciar do caminho do Senhor. Logo ele foi chamado, os seus livros foram colocados no índex, tiraram-lhe a cátedra e este homem terminou assim a sua vida: não muito tempo atrás. Passaram-se os tempos e hoje é beato! Mas como ontem era um herético e hoje é um beato? É que ontem aqueles que tinham o poder queriam silenciá-lo, porque não gostavam daquilo que ele dizia. Hoje, a Igreja, que graças a Deus sabe se arrepender, diz: ‘Não, este homem é bom’. Está no caminho da santidade: é um beato!”
“Todas as pessoas que o Espírito Santo escolhe para dizer a verdade ao Povo de Deus – acrescentou o Santo Padre – são perseguidas. Jesus é o modelo, o ícone". O Senhor tomou sobre Si “todas as perseguições de seu Povo”. “Ainda hoje – observou com tristeza Francisco – os cristãos são perseguidos". "Ouso dizer que talvez existam mais mártires hoje do que nos primeiros tempos da Igreja, porque a esta sociedade mundana, a esta sociedade um pouco tranquila, que não quer os problemas, eles dizem a verdade, anunciam Jesus Cristo", disse ainda o Santo Padre. “Hoje, em algumas partes do mundo, uma pessoa é condenada à morte ou vai para o cárcere somente por ter o Evangelho em casa, por ensinar o Catecismo, me dizia um católico desses países em que os cristãos não podem rezar juntos. É proibido! Somente é possível rezar sozinho e escondido, mas eles querem celebrar a Eucaristia. Como fazem? Fazem uma festa de aniversário, fazem de conta de celebrar o aniversário e ali celebram a Eucaristia, antes da festa. Quando chega a polícia, eles escondem tudo e felicidade, felicidade, parabéns! E continuam a festa. Depois que a polícia vai embora, eles terminam a celebração eucarística. Devem fazer assim, pois é proibido rezar juntos. Hoje!”
E esta história de perseguições, continuou Francisco, “é o caminho do Senhor, é o caminho daqueles que seguem o Senhor que termina, no final, sempre como o caminho do Senhor: com a ressurreição, mas passando pela cruz!”. Francisco recordou o padre Matteo Ricci, evangelizador da China, que “não foi entendido, mas obedeceu como Jesus”. Sempre “haverá perseguições e incompreensões, mas Jesus é o Senhor e este é o desafio e a cruz de nossa fé”. Que o Senhor, concluiu o Papa, “nos dê a graça de seguir o seu caminho e se acontecer, com a cruz das perseguições”.
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Os poderosos sempre tratam de calar os profetas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU