07 Abril 2014
Os preços globais de alimentos subiram em março para o maior patamar em quase um ano, puxados por clima desfavorável para lavouras e tensões políticas na Ucrânia, disse a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) nesta quinta-feira. O índice de preços da FAO, que avalia mensalmente as mudanças de preços de um conjunto de cereais, oleaginosas, lácteos, carnes e açúcar, ficou em 212,8 pontos em março, alta de 4,8 pontos, ou 2,3%, ante fevereiro. Foi o maior nível desde maio de 2013.
A reportagem é publicada por Correio do Brasil, 03-04-2014.
Enquanto o clima foi o principal fator afetando as plantações, a anexação da Crimeia pela Rússia levou temores ao mercado de grãos – ao de trigo em especial – e ameaçou afetar relações de comércio, disseram economistas da FAO à agência inglesa de notícias Reuters. O índice de preços do açúcar teve o maior aumento, de 7,9% ante o mês anterior, acompanhando uma seca que prejudicou canaviais no Brasil e reduziu produção de açúcar na Tailândia.
Safra da soja
Segundo estimativa da consultoria INTL FCStone, a safra de soja 2013/14 do Brasil tende a ficar em 87,64 milhões de toneladas, ante 87,51 milhões da estimativa de março, acrescentando que o cenário ainda pode sofrer alterações devido à área plantada na safra de inverno.
“Há muitas incertezas em relação ao tamanho desta área (de safrinha de soja) e também à produtividade do grão, que deverá ser significativamente menor”, disse a consultoria, em nota.
A produção seria recorde, apesar dos problemas climáticos, com um crescimento da área plantada. Na safra passada, o Brasil colheu 81,5 milhões de toneladas. A FCStone destacou que o avanço da colheita no Paraná confirmou a perda de aproximadamente 10% ante o esperado inicialmente, devido ao clima seco do início deste ano.
No Rio Grande do Sul, onde a colheita está começando, o rendimento fica dentro das expectativas, com média 47 sacas por hectare. No Mato Grosso, com a colheita praticamente finalizada, a situação se normalizou após um período de preocupação com o excesso de chuvas, disse a FCStone.
A empresa estima que o total exportado de soja em 2013/14 possa chegar a 46,5 milhões de toneladas, “considerando o forte ritmo de exportações brasileiras”, contra 42,8 milhões em toneladas em 12/13. Os estoques finais do país devem ficar em 3,22 milhões de toneladas na temporada, o que representa 3,8% do uso total, contra apenas 910 mil toneladas em 12/13.
Novo cliente
Com as vendas quase exclusivas de farelo de soja da Índia para o Irã em queda, com risco de cair em quase um terço com o acordo nuclear obtido por Teerã com o Ocidente, abre-se um novo caminho para fornecedores concorrentes da América do Sul, disseram executivos da indústria.
As exportações totais de farelo de soja da Índia deverão cair devido a compras menores pelo Irã na temporada 2013/14, que termina em 30 de setembro, forçando o maior exportador asiático do produto a reavaliar preços para alcançar compradores como Japão e Vietnã.
– O Irã surgiu como um grande comprador de farelo de soja nos últimos anos, principalmente devido às sanções ocidentais e a oportunidades de negócios de permuta com a Índia. Com o Irã e o Ocidente encontrando algum tipo de acordo, o Irã abriu suas portas para outras origens. Isso fez com que o farelo indiano, com prêmios elevados, ficasse com poucos compradores mesmo no Irã – disse à Reuters Dinesh Shahra, diretor da Ruchi Soya Industries, maior processadora de soja da Índia.
As exportações de farelo de soja da Índia para o Irã subiram quatro vezes em apenas três anos, até a temporada 2012/13. Mas no atual ano comercial as exportações deverão cair 30%, ante o recorde do ano anterior de 964.255 toneladas, estimou Shahra.
– Os prêmios terão que ser reavaliados ou iremos perder fatia de mercado para outros fornecedores – disse o coordenador chefe da Associação de Processadores de Soja da Índia, Rajesh Agrawal. Nesta quinta-feira, o farelo de soja da Índia era vendido a US$ 620 por tonelada fob (free on board), ante US$ 580 dólares dos rivais da América do Sul.
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Alta de preços em todo o mundo amplia risco alimentar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU