24 Fevereiro 2014
Os bispos do Japão abriram caminho na Ásia para a publicação dos resultados da sua consulta aos católicos do país, em preparação para o Sínodo sobre a família, em Roma, em outubro.
A reportagem é do sítio UCA News, 19-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O relatório é uma relato franco do que é ser católico em um contexto eclesial minoritário, onde os empecilhos de um status de minoria constitui um desafio para a aceitação dos pontos de vista e dos ensinamentos da Igreja, que podem ser persuasivos em culturas onde os católicos dominam a população.
Muitos dos pontos de vista da sociedade em geral sobre divórcio, novo casamento, contracepção e aborto são um dado óbvio no Japão e os esforços para compartilhar os pontos de vista católicos são dificultados pela falta de recursos dessa pequena Igreja.
Por exemplo, o apelo a quadros morais católicos em termos de família não é convincente. A Igreja japonesa afirma: "Muitas vezes, quando os líderes da Igreja não podem apresentar razões convincentes para o que dizem, eles chamam isso de 'lei natural' e exigem obediência ao que eles dizem. Isso levou todo o conceito de lei natural ao descrédito: 'Se é natural, por que as pessoas precisam ser ensinadas a respeito disso?'".
E também acrescenta: "A cultura japonesa enfatiza expectativas sociais em vez de princípios abstratos como guias para a ação. Assim, embora no Ocidente, a 'lei natural' possa parecer 'natural', no Japão ela é percebida como abstrata e fora do alcance".
A pastoral no Japão parece ser a mesma que na maioria das sociedades pós-modernas, onde os católicos, 75% dos quais se casam com não católicos, concordam com o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo as conclusões dos bispos, "as relações entre pessoas do mesmo sexo ainda não se tornou um problema como em alguns países ocidentais, mas tendem a se tornar um problema, porque a sociedade japonesa em geral está se tornando mais tolerante à homossexualidade, tanto como orientação, quanto como estilo de vida. A cirurgia transgênera seguida de casamento já está encontrando uma aceitação legal. Essa tolerância é cada vez mais verdadeira entre os católicos, assim como na sociedade em geral".
O relatório também reconhece uma prática comum em algumas partes da Ásia, mas desconhecida em países onde os católicos são ao menos uma minoria significativa: "O casamento entre pessoas não batizadas e não crentes usando ritos da Igreja tem sido uma parte normal da atividade da Igreja no Japão há muitos anos, com a aprovação da Santa Sé".
O relatório acrescenta: "A prática usual é de exigir ao menos alguma formação pré-matrimonial, que se concentre na visão da Igreja sobre o matrimônio. Além disso, não deve haver nenhum impedimento canônico para o matrimônio [como o divórcio], embora os pastores individuais geralmente tendam à clemência".
O relatório para o Sínodo reconhece que os desafios enfrentados na comunicação do que a Igreja acredita sobre vida familiar apenas se intensificam em uma população em que a maioria dos católicos se casam com não católicos e em que "o envelhecimento da população católica em geral, e do clero em particular, está tornando os jovens católicos menos dispostos a fazer parte das comunidades paroquiais. Como resultado, eles não têm oportunidades para explorar questões sobre sexo e vida familiar em um contexto de fé".
No entanto, o relatório recomenda que a abordagem que a Igreja deveria tomar para enfrentar o desafio já foi definida por Jesus: "No desenvolvimento de uma orientação pastoral, talvez seja importante lembrar que, na única vez nos Evangelhos em que Jesus encontra claramente alguém em uma situação de coabitação fora do casamento [a samaritana no poço], ele não se foca nisso. Ao contrário, ele respeitosamente conversa com a mulher e a transforma em uma missionária".
O texto completo do relatório japonês está disponível aqui, em inglês.
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Bispos japoneses publicam respostas ao questionário para o Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU