21 Fevereiro 2014
Pelo menos uma dezena de pessoas receberam hoje um documento da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Trata-se de uma intimação para comparecer ao departamento da Polícia Civil que investiga o crime organizado no próximo sábado dia 22, às 16 horas. Coincidentemente, mesmo dia e horário previsto para o segundo ato contra a Copa em São Paulo, convocado um mês atrás.
A reportagem é de María Martín, publicada pelo jornal El País, 22-02-2014.
A polícia não costuma intimar suspeitos de crime para prestar depoimentos nos finais de semana.
O documento pede aos destinatários que compareçam na delegacia “trajados adequadamente” para esclarecimentos nos autos do inquérito policial que investiga os crimes de danos e formação de quadrilha.
Vários participantes habituais de manifestações começaram a compartilhar no Facebook a intimação. Muitos deles surpresos por nunca terem sido presos pela polícia ou por não serem partidários da violência nos protestos. Todos eles chamaram a atenção para a coincidência da convocatória com o protesto.
“Eu participo dos protestos desde que o Gigante acordou. Quando recebi a intimação pensei: Tanta gente para intimar e vão mandar justo pra mim? Não quebro nada e sou contra a violência… Sou apenas um manifestante. Posso até organizar manifestações. Mas e daí?", explica um dos destinatários da carta que quer manter o anonimato.
“Eu já fui abordada e parada várias vezes nos atos, mas nunca fui detida. E no papel não aparece meu nome, e sim meu nome do face! Eu acho que o que eles querem é amedrontar!”, conta outra das convocadas.
A intimação que, no texto, apela aos “bons préstimos”, adverte no final do documento que o intimado não pode faltar porque estará sujeito às penas da lei. Em concreto, o artigo 330 do Código penal que define os crimes de desobediência e desacato. Punidos com multa e com prisão de15 dias até seis meses.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Polícia de São Paulo tenta esvaziar manifestação contra a Copa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU