Sínodo da Família. Kasper pede misericórdia em situações concretas

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Por: André | 21 Fevereiro 2014

“Fiz uma introdução de caráter teológico sobre a beleza da família. Devemos começar por este ponto para enfrentar os outros, inclusive os problemas difíceis que existem. Também falei sobre a questão da comunhão aos divorciados recasados, mas neste quadro em seu conjunto”. O cardeal Walter Kasper (foto), presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, iniciou, na manhã desta quinta-feira e por vontade do Papa Francisco, o Consistório extraordinário sobre a família, que durará quinta-feira e sexta-feira. À saída da nova Sala do Sínodo, o purpurado alemão respondeu a algumas perguntas.

 
Fonte: http://bit.ly/1d4mggh  

A entrevista é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 20-02-2014. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

Decidiu-se algo em relação à possibilidade de dar a comunhão aos divorciados recasados?

Eu falei da necessidade de discernir; há situações muito diferentes, há regras gerais, mas também há situações concretas. O Papa falou de uma pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor; inteligência pastoral; eu falei sobre o discernimento das situações concretas: cada pessoa não é apenas um caso, mas também tem sua dignidade e deve ser reconhecida.

Qual é sua opinião pessoal sobre este problema?

Não se pode falar em geral. Dou um exemplo: fui bispo durante 10 anos e, quando era bispo, veio conversar comigo um pároco que me falou de uma mãe (que havia se divorciado e casado novamente) que estava preparando o seu filho para a Primeira Comunhão. O filho comungaria e ela não. Então, me perguntou: ‘Isto é possível? Existem o arrependimento, a misericórdia e o perdão de Deus. Podemos negar a remissão dos pecados?’

O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller manifestou posturas diferentes sobre este argumento...

Eu não pretendo discutir com Müller, mas apresentar simplesmente o tema. Mas quanto às questões fundamentais, estou de acordo com Müller; embora, claro, possa ser um pouco menos rigoroso quanto a questões concretas, mas não pretendia nenhuma discussão com ele.

Falou com o Papa antes do Consistório extraordinário?

Sim, o Papa me disse: exponha perguntas, não soluções. E é correto colocar perguntas sobre a fé. A situação familiar mudou muito na sociedade ocidental. Fiz perguntas, mas não insisto nas minhas posturas. Eu não tenho uma solução, é preciso discernir, depois o Sínodo discutirá sobre estas questões. Com o Papa Jorge Mario Bergoglio, o Consistório extraordinário de hoje [ontem] foi realizado em um clima muito distendido, e isto é muito importante. O Papa abriu uma discussão na qual não há decisões a priori; primeiro, temos que discernir.

Existe a possibilidade de uma divisão dentro do Colégio Cardinalício provocada por posturas sobre a família?

Não, este é um contexto sinodal, é preciso chegar a um consenso; e para isso necessitamos de intercâmbio, argumentos e também orações.

A Igreja é uma democracia?

Não, não é uma democracia; a Igreja toma decisões que são o fruto de um processo sinodal; a democracia é outra coisa.