14 Fevereiro 2014
Embora na linguagem pacata e suave que pertence a um expoente do alto escalão da Igreja como é Dom Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, próximo cardeal no consistório de 22 de fevereiro, ele expressa a sua discordância diante do fato de "colocar a carroça na frente dos bois" por parte de algumas conferências episcopais (Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Alemanha e Áustria), muitas vezes sobre posições mais "progressistas" do que as de Roma.
A reportagem é de Nina Fabrizio, publicada no sítio QuotidianoNet, 11-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Episcopados que, antecipando na internet os resultados que surgiram nacionalmente do questionário desejado pelo papa em vista do Sínodo extraordinário sobre a família, a ser realizado em outubro, evidenciaram, assim, uma distância entre a doutrina oficial e a base dos fiéis, especialmente sobre temas como a coabitação pré-matrimonial, o controle de natalidade, a contracepção, a abertura aos homossexuais e a exclusão dos sacramentos dos divorciados em segunda união.
Eis a entrevista.
Dom Baldisseri, por que algumas conferências episcopais europeias estão antecipando os resultados das "suas" investigações?
A publicação do material não estava prevista. Trata-se de uma iniciativa unilateral das conferências episcopais individuais. A indicação era a de enviar o material reservadamente ao Vaticano. Não me parece correto, porque se trata de material ainda não examinado, de documentos não oficiais. Depois, se há alguém que faz o que quiser, eu não posso fazer nada, mas não estava no programa.
As antecipações que surgiram até agora, no entanto, falam de posições muito distantes entre a base católica e a doutrina cristã. Vocês levarão isso em conta no Sínodo?
Certamente levaremos em conta, senão para que a fizemos? Esse questionário que consulta os fiéis a partir de baixo é a vontade do Papa Francisco.
Você apresentará um relatório dos resultados para os cardeais reunidos para o consistório?
Não está previsto. O papa indicou o tema da família para a reunião dos cardeais, mas são duas coisas distintas. Em todo caso, se alguém me pedir informações no consistório, onde eu também estarei presente como neocardeal, eu as fornecerei.
Por que a Conferência Episcopal Italiana não divulgou os resultados da investigação realizada na Itália?
Ela fez bem assim, não é um defeito, ao contrário, é um fato necessário, porque o material é muito, e o local em que ele deve ser analisado é aqui na secretaria do sínodo, que irá elaborar o Instrumentum laboris, isto é, o documento com base no qual serão desenvolvidos os trabalhos da assembleia sinodal. Afinal, não é de se esperar que os resultados sejam publicados como tais.
Então, de acordo com você, por que algumas conferências fizeram isso? Pode-se configurar também uma forma de pressão para condicionar os trabalhos?
Uma pressão? Um pouco. Digamos que é uma interpretação possível.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O ''vazamento'' de respostas ao questionário vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU