13 Fevereiro 2014
O Pe. Ian Tomlinson SJ, ex-mestre de noviços da província britânica, apresenta-nos uma reflexão sobre como a experiência dos Exercícios Espirituais pode ter dado força aos jesuítas no exílio durante a Supressão.
A nota foi publicada no sítio Jesuit Restoration 1814, 08-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Fazer uma avaliação, muitas vezes, acompanha a experiência dos Exercícios Espirituais em sua integralidade, como avaliar o efeito que os Exercícios têm sobre um indivíduo após um período significativo de sua vida. Anos atrás, eu organizava retiros na vida cotidiana em uma paróquia, incluindo um pequeno número de pessoas que fizeram os Exercícios completos de acordo com a anotação 19ª.
Lembro-me de um ano quando o provincial veio nos visitar, e ele ficou muito contente, o que, naturalmente, me deu incentivo. Mas eu me lembro das palavras sábias que ele acrescentou: "Vamos ver quais serão os frutos em cinco, dez ou mesmo 20 anos". Alguém pode se perguntar que força os Exercícios deram aos jesuítas que sofreram repressão e exílio no fim do século XVIII.
Como diretor de noviços e membro da equipe da casa de retiro, eu preguei os Exercícios completos muitas vezes. Com frequência, esse é um momento profundamente contemplativo, já que você testemunha uma pessoa entrando cada vez mais profundamente em um relacionamento com Cristo. Sentem-se as dificuldades que os discípulos experimentaram quando a mensagem radical de Cristo tornou-se mais clara, mas tem-se também o sentimento da mudança que Cristo ressuscitado pode fazer na vida de um indivíduo, como acontece com os apóstolos em Atos. O discípulo vacilante é arrastado para um amor mais profundo a Cristo e sai determinado a fazer algo prático para a maior glória de Deus.
Como diretor dos Exercícios, me aprecia escutar relatos do que as pessoas começaram a fazer. Lembro-me de uma leiga com deficiência física que saiu para montar um centro de retiro para pessoas com deficiência na África; outra leiga que, além de trabalhar como médica em um país pobre, separou parte de sua casa para dar retiros para mulheres. Com esperança, os Exercícios são uma fonte de força em tempos de sofrimento. Eu penso agora em um dos meus noviços que luta nos últimos estágios de uma doença grave e fatal. Os Exercícios, a nossa apropriação do Evangelho, nos ajudam em situações extremas e difíceis? Será que os Exercícios ajudaram os jesuítas exilados quando a Companhia de Jesus foi supressa?
Os Exercícios Inacianos da segunda semana, como a meditação das duas bandeiras e os três graus de humildade são um desafio, mas os três graus de humildade elevam o nível: somos convidados "a ser realmente mais parecidos a Ele", "humilhados", "inúteis e tolos por Cristo". A tarefa do diretor é delicada, e é melhor que se mantenha simples; oferecer o texto, talvez com passagens bíblicas apropriadas.
Como jovem padre, uma vez eu perguntei ao padre Paul Kennedy (mestre em Saint Beuno, em North Wales, um jesuíta que fez muito para promover a renovação dos Exercícios Espirituais no mundo de fala inglesa na década de 1960 e 1970) se ele realmente pensava que fosse possível alcançar a graça do terceiro grau de humildade. Ele pensou por alguns instantes e, em seguida, disse: "Sim, mesmo que apenas por cerca de 10 minutos no retiro de 30 dias".
Talvez muitos dos jesuítas que viveram a repressão e o exílio ganharam força com tal experiência. Talvez São José Pignatelli estivesse se apoiando em tal fonte de força, quando escreveu: "Todos os padres e irmãos têm rostos muito felizes. Eles mostram-se verdadeiros filhos de Santo Inácio e são guiados por seu espírito...".
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O exílio dos jesuítas e o terceiro grau de humildade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU