Só a comunidade internacional pode salvar os palestinos, diz cientista politico em Ramallah

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11 Fevereiro 2014

Foto: Efe.

Awad aponta o boicote de empresas europeias aos assentamentos israelenses como um "bom começo" para pressão. "O projeto da ocupação é muito rentável, Israel só abrirá mão dos territórios palestinos ocupados quando tiver que pagar um preço alto demais para mantê-los", opina.

A reportagem foi publicada pelo sítio OperaMundi,09-02-2014.

De fato, o número crescente de empresas europeias que vêm anunciando boicote aos assentamentos israelenses na Cisjordânia começa a preocupar lideres políticos e econômicos em Israel. O maior banco da Dinamarca, Danskebank, proibiu investimentos no Banco israelense Hapoalim, por causa de seu envolvimento em financiamento de construção de assentamentos.

Já o fundo de pensões holandês PGGM anunciou que vai retirar seus investimentos dos cinco maiores bancos de Israel pelo envolvimento destes em construção de assentamentos. A Noruega, por sua vez, instruiu o maior fundo de pensão do país a não investir na empresa Africa Israel, também envolvida em construção de assentamentos.

Isolamento e boicote

Segundo o embaixador da União Europeia em Israel, Lars Faaborg-Andersen, se as negociações mediadas pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, fracassarem, "o isolamento de Israel na comunidade internacional e o boicote deverão crescer".

"Se Israel continuar a construção de assentamentos e as negociações fracassarem, Israel ficará mais e mais isolado, principalmente em decorrência do clima que vigora entre os próprios consumidores e o setor privado. Cada vez que Israel anuncia a construção de mais moradias nos assentamentos, se fortalece a exigência de que os supermercados europeus marquem os produtos dos assentamentos e se ouvem mais vozes pedindo o boicote", afirmou o embaixador.

Foto: Efe.

De acordo com o ministro das Finanças de Israel, Yair Lapid, se as negociações fracassarem, "enfrentaremos uma realidade de boicote na Europa e cada cidadão israelense vai sentir essa nova realidade em seu próprio bolso".

Segundo a avaliação do ministério, o fracasso das negociações poderá prejudicar gravemente as relações econômicas de Israel com a União Europeia, que é seu principal parceiro comercial. "Em uma primeira fase, a previsão seria de um prejuízo de 20 bilhões de shekels (cerca de 10 bilhões de reais) na exportação e a demissão imediata de cerca de 9.800 funcionários", confessou Lapid.

Awad é pessimista sobre as negociações atuais. "As diferenças são grandes demais", sublinhou. Ele aposta que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, não poderá aceitar a condição imposta pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu, de que os palestinos reconheçam "o caráter judaico" do Estado de Israel. "Ele estaria abandonando 1,5 milhão de palestinos que são cidadãos israelenses e também abrindo mão do direito de retorno dos refugiados, por isso, acredito que ele não aceitará essa condição", diz.

"Quando Israel firmou acordos de paz com o Egito e com a Jordânia, não exigiu que reconhecessem Israel como Estado do povo judeu. Por que essa exigência agora? Acho que Netanyahu sabe perfeitamente que Abbas não poderá aceitá-la e a colocou de propósito para sabotar as negociações", analisou Awad.

De acordo com o cientista politico palestino, a tendência é que o boicote a Israel cresça. "Eventualmente o boicote, que agora se concentra nos assentamentos, poderá se ampliar para toda a sociedade israelense, e o preço que Israel terá que pagar para manter a ocupação poderá aumentar", concluiu.