Três figuras-chave no estabelecimento da Igreja Católica no Brasil e no Canadá podem ser declaradas santos antes do fim do ano, disse um jesuíta que está ajudando a preparar o material necessário para as suas canonizações.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada no sítio Catholic News Service, 03-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

As três pessoas que estão rapidamente a caminho da santidade são: o Bem-aventurado José de Anchieta, conhecido como o Apóstolo do Brasil; a Bem-aventurada Marie de l'Incarnation, conhecida como a Mãe da Igreja canadense; e o Bem-aventurado François de Laval, o primeiro bispo do Quebec.

Os três foram beatificados juntos em 1980, juntamente com os hoje santos Kateri Tekakwitha e Pedro de São José Betancur.

O padre jesuíta Marc Lindeijer, vice-postulador das causas de canonização da sua ordem, disse que o Papa Francisco dispensou alguns dos procedimentos nas causas brasileiras e canadenses em resposta a pedidos das Conferências Episcopais dos dois países.

O cardeal Raymundo Damasceno Assis, de Aparecida, presidente da Conferência dos bispos brasileiros, anunciou em dezembro que o Papa Francisco lhe telefonara para dizer que tinha aceitado o pedido dos bispos brasileiros de que Anchieta fosse canonizado, embora um milagre atribuído à sua intercessão não houvesse sido identificado e verificado.

Normalmente, é preciso um milagre depois da beatificação para mover um candidato à canonização. No entanto, o Papa Francisco deixou de lado essa exigência quando anunciou que iria declarar santo o Bem-aventurado João XXIII, junto com o Bem-aventurado João Paulo II, no dia 27 de abril.

Lindeijer disse ao Catholic News Service que o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, solicitou que os jesuítas mantenham as causas brasileiras e canadenses juntas, como em 1980, e reúnam a documentação necessária para as suas canonizações.

A documentação é conhecida como "positio", um documento do porte de um livro que contém as biografias dos três candidatos a santo e argumenta em defesa de suas canonizações com base em sua reputação de santidade, provas de devoção generalizada e relatos de graças, favores e curas obtidas mediante a sua intercessão.

Geralmente, uma positio é revisada por pelo menos seis historiadores e um conselho de teólogos designados pela Congregação para as Causas dos Santos.

Mas Lindeijer disse que a positio para o brasileiro e os canadenses iria "diretamente aos prelados da Congregação, bispos e cardeais" que recomendam as causas para o papa.

"Acrescentar historiadores ou teólogos não significa que eles saberão muito mais sobre essas grandes pessoas do que os bispos locais", disse Lindeijer.

Mas pular essa etapa requer a explícita permissão do papa. "A única pessoa autorizada a romper as suas próprias leis é o próprio papa", disse Lindeijer.

O jesuíta disse que o papa poderia assinar um decreto reconhecendo os três novos santos ainda no começo de abril e depois definir uma data para a sua canonização.

A devoção ao brasileiro e aos dois canadenses "é clara. Muitas pessoas recebem muitas graças rezando para eles, assim como com João XXIII", disse Lindeijer. "Com base na massiva devoção popular, eles serão canonizados".