Por: André | 04 Fevereiro 2014
Comentando a atitude do rei Davi diante da traição do filho Absalão, o Papa Francisco exortou, na manhã desta segunda-feira, na missa na Capela da Casa Santa Marta, a escolher sempre o caminho da confiança em Deus, segundo indicou a Rádio Vaticano.
Fonte: http://bit.ly/LIp7Vc |
A reportagem é de Domenico Agasso Jr e publicada no sítio Vatican Insider, 03-02-1014. A tradução é de André Langer.
O rei Davi foge porque seu filho Absalão o traiu. O Santo Padre centrou sua homilia na primeira leitura, tirada do Segundo Livro de Samuel, que narra esta “grande traição” e suas consequências. Davi está triste porque “também o povo” estava com o filho contra o rei. E sente “como se este filho estivesse morto”. Mas, “qual é, então, a reação de Davi diante desta traição do filho?” O Pontífice indicou três atitudes.
Em primeiro lugar, Davi, “homem de governo, toma a realidade como ela é e sabe que esta guerra será muito dura” e “que haverá muitos mortos”. Portanto, “toma a decisão de não fazer morrer seu povo”. Ele, observou o Papa, “não podia lutar em Jerusalém contra as forças do seu filho” e decide que Jerusalém não seja destruída: “Davi, esta é a primeira atitude, para defender-se não usa Deus nem seu povo, e isto significa o amor de um rei por seu Deus e seu povo. Um rei pecador – conhecemos a história –, mas também um rei com este amor tão grande: era tão apegado ao seu Deus e tão apegado ao seu povo e não usa para defender-se nem Deus nem seu povo. Nos momentos difíceis da vida ocorre que, se calhar, no desespero uma pessoa tente defender-se como pode e também usar Deus e as pessoas. Ele não, a primeira atitude é esta: não usar Deus e seu povo”.
Então, Davi escolhe fugir. Sua segunda atitude é “penitencial”. Sobe ao monte “chorando”, caminhando “com a cabeça coberta e os pés descalços”. E todas as “pessoas que estavam com ele tinham a cabeça coberta e, subindo, choravam”. É verdadeiramente “um caminho penitencial”. “Talvez – foi a reflexão do Bispo de Roma – em seu coração tenha pensado muitas coisas terríveis, muitos pecados, que havia cometido”, pensa não ser “inocente”. Pensa também que não seja justo que o filho o traia, mas reconhece não ser um santo e “escolhe a penitência”: “Esta subida ao monte nos faz pensar naquela subida de Jesus, também Ele em sofrimento, com os pés descalços, com sua cruz subia o monte. Esta atitude penitencial. Davi aceita estar de luto e chora. Nós, quando em nossa vida nos acontece algo assim, buscamos sempre – é um instinto que temos – nos justificar. Davi não se justifica, é realista, busca salvar a arca de Deus, seu povo, e faz penitência por aquele caminho. É um grande, um grande pecador e um grande santo. Como andam juntas estas duas coisas... Deus lá sabe!”
No caminho, acrescentou o Papa, aparece outro personagem: Simei, que joga pedras contra Davi e contra todos os seus servos. É um “inimigo”! Que vai maldizendo Davi. Um dos amigos do rei afirma, pois, querer matar este “desgraçado”, este “cachorro morto”. Mas Davi o detém: “em vez de escolher a vingança contra tantos insultos, escolhe confiar em Deus”. Além disso, diz deixar que Simei o maldiga porque “assim lhe ordenou o Senhor”. E acrescenta: “Ele sempre sabe aquilo que acontece, o Senhor o permite”. “Talvez – pensa Davi – o Senhor olhará minha aflição e me fará o bem em vez da maldição de hoje”.
A terceira atitude de Davi é, então, confiar no Senhor. O comportamento de Davi, observou Francisco, também pode nos ajudar, “porque todos nós passamos na vida” por momentos de obscuridade e de provação. Eis aqui, então, as três atitudes de Davi: “Não negociar Deus” e “nossa pertença”; “aceitar a penitência e chorar sobre os nossos erros”; finalmente, “não buscar fazer justiça com as nossas próprias mãos, mas encomendar-nos a Deus”: “É bonito ouvir isto e ver estas três atitudes: um homem que ama a Deus, ama o seu povo e não o negocia; um homem que se sabe pecador e faz penitência; um homem que é seguro de seu Deus e confia n’Ele. Davi é um santo e nós o veneramos como santo. Peçamos-lhe que nos ensine estas atitudes nos momentos difíceis da vida”.
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“Não instrumentalizem Deus e o povo”, pede o Papa Francisco aos governantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU