21 Janeiro 2014
Desde que que foi nomeado arcebispo de Buenos Aires, em março de 2013, o cardeal designado Mario Aurelio Poli vem mostrando semelhanças entre a sua abordagem pastoral e a de seu predecessor, o Papa Francisco.
A reportagem é de David Agren, publicada pela Catholic News Service, 17-01-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Ele é uma pessoa simples, que escuta muito, fala pouco e é muito amigável”, disse José Maria Poirier, diretor da revista católica “Criterio”, de Buenos Aires, que entrevistou longamente Dom Poli bem como o próprio Papa Francisco.
“Ele é um líder que constantemente consulta o papa. (...) Não é surpresa para ninguém as especulações sobre esta nomeação para cardeal”, acrescentou.
“Ele é um grande pastor. É alguém próximo das pessoas. (...) É uma pessoa com ótima formação, muito discreto em sua apresentação, e muito claro em suas poucas palavras”, informou Poirier ao site Catholic News Service por telefone.
Arcebispo de Buenos Aires, Dom Mario Aurelio Poli, de 66 anos, está entre os 19 religiosos nomeados cardeais pelo papa na última segunda-feira. Encontra-se entre os seis cardeais latino-americanos a serem instalados, refletindo a preocupação do pontífice com a região para a qual ele propôs uma reenvangelização, apesar das raízes católicas profundas.
Entretanto, seguir o Papa Francisco e seu exemplo na Argentina não será algo simples de se fazer.
“Qual é a força dele e qual é o seu plano, o seu projeto? A verdade é que ninguém realmente sabe dizer”, disse Norberto Padilla, professor de Direito na Universidade Pontifícia da Argentina, em Buenos Aires. “De sua parte, não houve nenhum movimento que seja visível para marcar presença em Buenos Aires”.
Em Buenos Aires, o papa era uma figura imponente. Ele deixou um legado de vida austera, andando pelas favelas, pegando o metrô e evitando participar em eventos. Ele também deu atenção aos pobres e falou sobre assuntos de política, o que enfureceu a presidente Cristina Fernandez de Kirchner e seu predecessor e falecido marido, Nestor Kirchner.
Dom Poli, como mais um sacerdote qualquer na Argentina, anda de transporte público e vive de forma simples. Ele também deu continuidade à tradição do Papa Francisco de promover o diálogo inter-religioso no país.
Não chama a atenção para si, e tanto Padilla e Poirier descrevem o cardeal mais como um pastor do que como político. Padilla disse que Dom Poli prefere que a Conferência dos Bispos da Argentina pondere sobre assuntos de política, e não ele próprio.
“Dom Poli não tem um perfil muito politizado tanto quanto o Papa Francisco tem, e nem é tão afiado”, Poirier disse. “Ele tem uma atitude conciliatória face aos conflitos”.
Dom Mario Aurelio Poli mostrou sua atitude conciliatória ao condenar atos de vandalismo contra uma das mais antigas paróquias em Buenos Aires, mas também ao publicamente pedir um encontro com os vândalos para entender os motivos e resolver quaisquer queixas, disse Poirier.
A preocupação com os pobres por parte do novo cardeal vem, em parte, de sua formação.
Nascido em Buenos Aires no dia 29-11-1947, formou-se em Serviço Social pela Universidade de Buenos Aires. Aos 22 anos entrou para o seminário arquidiocesano e foi ordenado padre em 1978. Doutorou-se em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica da Argentina e serviu numa paróquia antes de ser designado superior do seminário, e então diretor do Instituto Vocacional San José.
Nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 2002, continuou dando aulas na Universidade Católica. Foi nomeado bispo de Santa Rosa, em 2008, ministério que ele liderou até que Francisco o nomeou seu sucessor em Buenos Aires duas semanas após se tornar papa.
Como membro da Conferência Episcopal Argentina, participou nas comissões para a educação católica e para os ministros. Ele é o atual presidente da Comissão Episcopal para a Catequese e Ministério Bíblico.
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O cardeal substituto do Papa Francisco, em Buenos Aires, tem uma abordagem pastoral semelhante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU