13 Janeiro 2014
O filósofo Vladimir Safatle, professor na Universidade de São Paulo (USP), será o candidato do PSOL ao governo de São Paulo na eleição de outubro. O anúncio oficial da pré-candidatura deve ocorrer apenas em meados de abril, quando o partido terá concluído uma rodada de seminários para discutir as diretrizes e as propostas que vão constar no programa de governo.
A reportagem é de Fernando Taquari e publicada pelo jornal Valor, 13-01-2014.
Safatle, no entanto, já aceitou a missão, segundo o presidente do PSOL-SP, o vereador Paulo Bufalo, e teria autorizado, inclusive, que os institutos de pesquisa incluíssem seu nome nos próximos levantamentos. Procurado pela reportagem, o filósofo não retornou os contatos até o fechamento desta edição.
A ideia de postergar o anúncio atende aos interesses do partido e do pré-candidato. Ambos querem evitar que o nome do candidato se sobreponha à construção do programa de governo e às conversas com PSTU e PCB para construção de uma frente de esquerda. As negociações com as legendas já estão em curso, mas dependem de um acordo em âmbito nacional.
Bufalo explicou que Safatle exigiu a realização dos seminários temáticos como condição essencial para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Desta forma, espera dar um caráter mais "programático e menos midiático" à candidatura. Os encontros ocorrerão entre fevereiro e abril e vão tratar de temas como reforma agrária e urbana, política econômica e direitos humanos, entre outros. "O próprio professor vai atuar na coordenação deste grupo de trabalho", afirmou o presidente estadual da legenda.
Apesar do tom de cautela, o PSOL acredita que Safatle reúne as condições necessárias para garantir o melhor desempenho da sigla na disputa pelo governo paulista. Aposta que o professor, aos 40 anos, conseguirá angariar o apoio da maioria dos jovens que foram às ruas em junho protestar por melhores serviços públicos. O convite de filiação, aliás, foi feito logo após as manifestações. Na época, o filósofo fez duras críticas ao modo como o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) lidaram com a questão.
A candidatura de Safatle, de acordo com Bufalo, deve concentrar propostas nas áreas de saúde, educação, segurança pública, direitos humanos e mobilidade urbana. De concreto até o momento, a defesa da tarifa zero no transporte público e a desmilitarização da Polícia Militar, duas das principais bandeiras dos jovens durante os protestos.
Na economia, a ideia é ter uma campanha casada com a candidatura presidencial do senador Randolfe Rodrigues (AP). O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, critica o tripé econômico adotado pelo governo federal e defende o uso do superávit primário para investimentos em infraestrutura e políticas sociais. "Também vamos propor o fim dos leilões de concessão e a redução da taxa de juros. Somos a favor do fortalecimento do Estado", diz Araújo.
Um bom resultado na eleição ao governo paulista também pode puxar votos de legenda e ajudar o partido a ampliar o número de deputados estaduais e federais. O PSOL está preocupado com a possibilidade de o Parlamento aprovar a cláusula de barreira. Atualmente, a sigla conta com apenas três deputados federais. Carlos Giannazi é o único representante do partido na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Safalte flertou por muitos anos com o PT, mas nunca se filiou ao partido. Apesar disso, apoiou a candidatura de Haddad à Prefeitura de São Paulo em 2012, quando colaborou com propostas para a área de cultura. Na ocasião, chegou-se a especular a hipótese de que poderia ocupar a Secretaria de Cultura. O cargo, contudo, ficou com Juca Ferreira. A aproximação com o PSOL teria ocorrido ainda na campanha eleitoral do ano passado. O filósofo compareceu a um ato de apoio da candidatura de Gianazzi. Naquele momento explicou ao público que não cabia declarar o voto de apoio, pois colaborava com outro candidato. Ressaltou, porém, que considerava importante uma candidatura de esquerda.
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PSOL aposta em Safatle para eleição em SP - Instituto Humanitas Unisinos - IHU