12 Dezembro 2013
A descarbonização de nossa economia apresenta diversos obstáculos para se concretizar, que podem ser resumidos em três grandes desafios: substituir as usinas mais antigas de energia convencional, adotar energias renováveis e reforçar e expandir a rede de transmissão para se adaptar a uma geração nova, descentralizada e variada de energia.
A reportagem é de Jéssica Lipinski, publicada no sítio do Instituto Carbono Brasil, 10-12-2013.
Como esses obstáculos se apresentam e como lidar com eles é o tema do relatório Fornecimento de Eletricidade Seguro e Eficiente (Secure and Efficient Electricity Supply), publicado em novembro pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Segundo o documento, a forma como os atuais mercados e quadros regulatórios estão configurados podem fazer com que se torne difícil garantir um fornecimento de eletricidade seguro e eficiente na busca por uma economia de baixo carbono.
Por isso, o relatório apresenta os resultados do Plano de Ação de Segurança de Eletricidade (ESAP), aprovado em uma reunião ministerial internacional em 2011, que analisa os desafios de segurança em eletricidade e aponta as melhores políticas para uma transição de sucesso.
O plano aborda cinco aspectos: a geração de eletricidade, a operação de rede, a resposta de demanda, a integração de mercado e a preparação para emergências.
O Fornecimento de Eletricidade Seguro e Eficiente foca primeiramente nas recomendações econômicas e operacionais para substituir as centrais elétricas mais antigas, integrando mais renováveis como a energia eólica e a energia solar fotovoltaica.
Por exemplo, o relatório indica que os países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) acrescentaram 102 gigawatts (GW) de capacidade eólica e 81 GW de capacidade solar de 2007 a 2012, ultrapassando outras fontes. Com isso, a capacidade instalada cumulativa de energia eólica e solar deve atingir 488 GW até 2018 e 643 GW até 2025.
O documento também explora soluções para desafios operacionais, regulatórios e de investimento, para que as redes possam se adaptar à descentralização e variabilidade que envolve a descarbonização da economia.
O texto apresenta três exemplos de serviços de redes operacionais inovadoras: a CECRE, na Espanha, que fez com que o país se tornasse o primeiro a ter um centro de controle para todas as suas fazendas eólicas de mais de 10 megawatts (MW), aumentando a integração das energias renováveis no sistema; a ERCOT, no Texas (EUA), que usa uma metodologia altamente eficiente; e a NEM, na Austrália, que permite o re-agendamento de propostas de oferta e demanda.
O relatório também detalha as dimensões de mercado que favorecem a integração regional, e fala sobre a experiência de alguns países da OCDE em desenvolver mercados regionais. Um exemplo é os Estados Unidos, que têm várias operadoras de energia descentralizadas, como a Operadora de Sistema Independente do Meio Oeste (MISO), a ERCOT e a PJM, o que levou a fluxos de energia mais eficientes.
O documento, contudo, enfatiza que um fornecimento de eletricidade seguro não deve ser privilégio apenas dos países da OCDE, e que todo o mundo deve criar políticas para desenvolver e integrar os mercados de eletricidade e desenvolver fontes de energia de baixo carbono.
Isso, aliás, é citado como um grande desafio, já que o Fornecimento de Eletricidade Seguro e Eficiente afirma que grande parte dos países emergentes, como Brasil, África do Sul, China, Índia e Rússia, precisa manter uma infraestrutura energética que acompanhe sua crescente demanda, o que muitas vezes se mostra uma grande dificuldade.
No próximo ano, a AIE publicará uma análise quantitativa da integração em longo prazo das várias fontes renováveis no sistema de eletricidade.
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Economia de baixo carbono: AIE apresenta soluções - Instituto Humanitas Unisinos - IHU