Por: André | 11 Dezembro 2013
O Papa Francisco revoluciona os Legionários de Cristo. De acordo com informações obtidas pelo Vatican Insider, no Capítulo Geral Extraordinário que começará em Roma em janeiro serão anunciadas as mudanças dentro da congregação. “Todo o trabalho realizado até agora vai no sentido de que cada grupo que se inspira na espiritualidade da realeza de Cristo seja autônomo”, explica-se na cúria romana.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e está publicada no sítio Vatican Insider, 09-12-2013. A tradução é de André Langer.
Com efeito, a estrutura estará dividida em três partes: leigos, pessoas consagradas e sacerdotes. Cada um dos três ramos dos Legionários terá uma “plena autonomia na organização e na escolha da própria cúpula dos postos internos”. A referência comum à realeza de Cristo se traduzirá em “formas de colaboração” entre os três grupos, mas manterão sua autonomia.
O cardeal Velasio de Paolis, delegado Pontifício para os Legionários de Cristo e para o movimento Regnum Christi, escreveu, em 04 de outubro passado (festa de São Francisco de Assis), uma carta a todos os legionários na qual dizia: “Chegou o momento de convocar o Capítulo Geral Extraordinário”. O cardeal, nomeado por Ratzinger em 2010 e confirmado por Bergoglio, citava a carta de Bento XVI de 2010. “Mesmo que o Papa Ratzinger não tenha estabelecido um tempo específico, desde o início previu-se que o tempo necessário não podia ser menos de três anos para percorrer o caminho da renovação espiritual necessário e para proceder à revisão das Constituições dos Legionários de Cristo”, anotava.
Às vezes, as grandes coisas na Igreja são obra de grandes pecadores: isto é o que aconteceu com a congregação dos Legionários de Cristo e com o movimento laico Regnum Christi, ambos fundados por Marcial Maciel Degollado, sacerdote que em 2006 foi condenado por muitos abusos sexuais. Inclusive após sua morte, em 2008, descobriu-se outra verdade incômoda: Marcial Degollado tinha uma amante mexicana com a qual teve uma filha, que hoje está com 20 anos e mora na Espanha.
O Capítulo Geral começará no próximo dia 08 de janeiro de 2014 em Roma e acontecerá na sede da direção geral. Será presidido pelo delegado Pontifício e participarão, em virtude dos postos que ocupam, o diretor-geral, os membros do Conselho Geral, o secretário-geral, o procurador-geral, o administrador-geral, o prefeito-geral dos estudos e os nove diretores territoriais. Os demais delegados foram escolhidos pelos Legionários dos diferentes territórios e constituirão pouco mais de dois terços dos padres capitulares. O Capítulo Geral escolherá “um novo governo do Instituto” e aprovará as “novas Constituições”, segundo estabeleceu Bergoglio em junho.
Mesmo que se suponha que o Capítulo termine antes do final de fevereiro, será o próprio Capítulo quem vai estabelecer o calendário de trabalho. O Vaticano analisou profundamente o impacto que a conduta imoral de seu fundador teve na vida da Congregação e do movimento leigo que fundou. “Deve ser extirpada a parte enferma para salvar uma planta de grande valor”, observa-se na cúria.
Os mais afetados pela crise foram os Legionários de Cristo presentes em países sul-americanos, como o Brasil e o Chile, ao passo que a “planta” ainda se mostra forte no México. Bento XVI decidiu anular, em 2006, o voto de caridade, que havia instituído Maciel Degollado para os Legionários. O voto (que se inspira no quarto voto dos jesuítas) estabelecia que os legionários não deveriam criticar ninguém e, em particular, os superiores, porque a crítica era uma das coisas menos cristãs que existem. Ratzinger dispensou os legionários desta obrigação e por este motivo surgiram muitos panos sujos dentro da congregação quando se realizou a visita apostólica, sem provocar sentimentos de culpa entre os próprios membros. A limpeza interna (sobretudo quando os sacerdotes cometeram graves crimes sexuais) deve ser realizada sem nenhum tipo de censura.
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A revolução de Bergoglio nos Legionários de Cristo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU