07 Dezembro 2013
"Realmente, com tantas coisas a fazer... é esta a melhor parte da minha vida? Sim, é – caso procurarmos por isso. E não é disso que se trata o Advento? Procurando por Deus, que se tornou humano e um entre nós, em todas as pessoas e eventos de nossos dias?", escreve Peg Ekerdt, que trabalha pastoralmente na Igreja da Visitação em Kansas City, EUA, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 04-12-2013. A tradução é de Isaque Correa.
Eis o artigo.
Seja bem-vindo à calmaria de dezembro. Sim, você leu corretamente: a calmaria de dezembro, ao menos na secretaria paroquial. Assim que encontro paroquianos nestes tempos de Advento, ouço com frequência dizerem: “Sei que a senhora está muito ocupada”. Muitas vezes me sinto culpada quando eu, meio indecisa, acabo concordando. Pois, em verdade, uma vez que temos a Coroa do Advento passado no primeiro Domingo do Advento, e festa de aniversário de Jesus no fim do mês, há menos reuniões, menos programação (presume-se que as pessoas estejam muito ocupadas para comparecerem), menos emails e telefonemas.
Para termos certeza, há ainda o trabalho de aconselhamento pastoral. E, claro, os músicos da paróquia têm ensaios extras. Mas o maior desafio ministerial do Advento é determinar como conseguir cadeiras extras o suficiente para as liturgias de Natal sem violar as leis contra incêndio do prédio, tentando criar um sentido do sagrado em meio à confusão que é a missa na véspera do Natal, às 16 horas.
Creio que os paroquianos pensam que nós, da equipe paroquial, estejamos ocupados porque eles próprios, em suas vidas particulares, sentem-se fora do controle. Estou muito ciente da tensão, nestas semanas do Advento, que as pessoas experienciam em sua tentativa de fazer o feriado de Natal cumprir com os desejos das crianças, as expectativas dos familiares e parentes, as esperanças dos comerciantes do varejo e daqueles que trabalham com marketing, e continuam solventes durante todo esse tempo.
No nível pessoal, me torno mais antenada ao que muitos de nossos companheiros devem sentir. Sou casada com um homem bom que se irrita com a comercialização do Natal. Ele é um pouco como São Francisco, no sentido de que só quer ou precisa de poucas coisas em termos de bens materiais. (No dia a dia, se não fosse a sua compradora pessoal – eu mesma –, ele bem poderia acabar nu na praça da cidade tal como o Francisco de Assis.) Eu, por outro lado, gosto das músicas de Natal, de compras, cartões e ajuntamentos. Há um ingrediente a mais nesta mistura sazonal. Nós dois sabemos da vigilância orante a que o Advento nos convida. Mas o que está acontecendo em nossa casa, todas as noites após o trabalho, tem mais a ver com burburinho do Natal do que com a oração do Advento.
Acho que nossos paroquianos vivem com as mesmas expectativas conflitantes. São pessoas fiéis que estão focadas em sua família e em seu trabalho. São pessoas ocupadas. Algumas podem ter corações de São Francisco. Porém, há inúmeras distrações tirando o foco sobre aquilo que mais importa, e muitas se encontram em um cabo de guerra na medida em que a Igreja as chama para abraçarem o Advento enquanto a cultura corre desordenadamente em direção ao Natal.
Então, o que quero dizer à minha família paroquial já que o Advento está diante de nós?
Algum tempo atrás ouvi um trio de mulheres, chamado Red Molly. Estas cantaram uma música escrita por Susan Werner. Eis a primeira estrofe de “May I suggest” [Posso sugerir?]:
Posso sugerir a você
Posso sugerir a você
Que esta é a melhor parte da sua vida?
Posso sugerir a você
Este tempo é abençoado
Este tempo é abençoado
E está brilhando quase cego, brilhante.
Basta virar a cabeça
E começará a ver
As mil razões que estão
Um pouco além de sua visão.
As razões pelas quais
Pelas quais sugiro a você
Pelas quais sugiro a você
Que esta é a melhor parte da sua vida.
O primeiro verso apresenta o tema que é desenvolvido até o fim. É uma mensagem de consciência e de gratidão. Não importa o que esteja acontecendo em nossas vidas, esta é a melhor parte dela.
Tenho usado essa música nos retiros com nossos alunos do oitavo ano. Tenho visto esta música ser cantada como se fosse um casal prometendo a vida um para o outro. Também li um tributo online no qual uma mulher escrevia que ela primeiramente a ouviu quando seu marido estava perdendo a batalha para o câncer: “Não parecia que essa pudesse ser a melhor parte de minha vida. Mas fui sortuda em tê-lo em minha vida e mais sortuda ainda por ter estado aí por e com ele até o fim. Todo dia pode ser a melhor parte da sua vida. Se você procurar por isso”.
Realmente, com tantas coisas a fazer... é esta a melhor parte da minha vida? Sim, é – caso procurarmos por isso. E não é disso que se trata o Advento? Procurando por Deus, que se tornou humano e um entre nós, em todas as pessoas e eventos de nossos dias?
Sejam vigilantes, as Escrituras do Advento nos dizem. Preparem o caminho do Senhor. Comportem-se de maneira aprazível em relação a Deus. Partilhe o que você tem. E viva em meio à correria, e tudo o mais como se esta fosse a melhor parte da sua vida.
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Prestando atenção durante a melhor parte de sua vida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU