A revolução das cartas de Francisco exige o nosso envolvimento

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19 Novembro 2013

O Papa Francisco está sendo manchete por chegar, pessoalmente, por meio de cartas e telefonemas, às pessoas que escrevem para ele, e por falar pastoralmente com elas.

A nota é de Bob Shine, que trabalha na equipe do New Ways Ministry, um ministério norte-americano de justiça e de defesa para os católicos LGBT. O texto foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 11-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O jornal italiano La Repubblica informa agora que o papa enviou uma resposta manuscrita a um grupo de católicos gays e lésbicas, na Itália, e a carta original pode ter suscitado as recentes declarações calorosas do papa sobre gays.

Aqui está a tradução da reportagem do La Repubblica feita pelo New Ways Ministry:

Caneta e papel. Entre as muitas revoluções feitas pelo Papa Bergoglio, além de telefonemas à sua terra natal para as pessoas comuns ... há também o "efeito correio", a montanha de cartas entregues todos os dias em sua residência em Santa Marta, e enviadas diretamente para ele. (...)

Algumas pessoas acham que pode ter sido uma dessas "mensagens da garrafa" que inspirou o avanço de Bergoglio sobre os gays. A carta enviada em junho ao papa por vários católicos gays italianos (...) em que gays e lésbicas pediram a Francisco para serem reconhecidos como pessoas e não como uma "categoria" e reivindicaram a abertura e o diálogo por parte da Igreja, lembrando que o encerramento "sempre alimenta a homofobia".

Mais informações vem da revista America, que há apenas algumas semanas publicou uma entrevista inovadora com Francisco, onde suas observações sobre a homossexualidade foi positiva e acolhedora. Aquela publicação relata sobre o grupo italiano Kairòs de Florença:

Um líder da comissão improvisada disse que, como católicos homossexuais, eles já tinham, no passado, escrito para outros membros da liderança da Igreja na Itália e sempre foram recompensados com o silêncio. (...)

O grupo Kairòs disse também que recebeu uma carta da Secretaria de Estado do Vaticano, que lhes informou que o papa Francisco "gostou muito" da carta dirigida a ele e a forma como ela foi escrita, chamando-a de um ato de confiança "espontânea".

Um líder do Kairòs disse que o Papa Francisco também tinha concedido a sua bênção ao grupo, algo que eles nunca poderiam ter imaginado acontecer antes. Os membros do Kairòs decidiram manter o resto da mensagem de ambas as cartas privadas.

Quando o New Ways Ministry liderou uma peregrinação à Itália, em 2011, o grupo Kairòs reuniu-se com nossos viajantes americanos para compartilhar histórias e perspectivas. Francis DeBernardo, nosso diretor executivo, está em contato com eles no momento para saber mais sobre esta carta papal.

Embora o conteúdo da carta do papa permaneça privado, verdadeiramente, como se entre um pastor e as pessoas que ele serve, há lições mais amplas para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e para a comunidade católica associada nesta experiência.

Em primeiro lugar, a sabedoria de que os encontros relacionais com as pessoas são a forma mais eficaz de reinvidicação e que isso é relevante até mesmo para o papa. Se a conjectura do La Repubblica estiver certa de que a carta pessoal do Kairòs de Florença levou ao "Quem sou eu para julgar?" de Francisco e outros comentários que muito mudaram o tom da Igreja sobre questões LGBT, então todos deveriam estar escrevendo cartas para Roma. O New Ways Ministry escreveu uma carta a Francisco, contando-lhe sobre a bondade e santidade do povo católico LGBT e da extensão pastoral dada a eles aqui nos EUA. Você consideraria escrever seus próprios pensamentos para ele?

Segundo, se ir ao encontro do papa é eficaz, talvez seja a hora de os católicos dirigirem-se aos seus líderes da Igreja local, ou seja, aos padres e bispos. Compartilhar histórias pessoais para substituir construções filosóficas com os rostos e as relações humanas pode levar a novas conversões.

A revolução da caneta e papel de Francisco é verdadeiramente radical, e transforma a hierarquia em relações pessoais. Ela oferece a cada um de nós um momento para falar com o papa e os bispos como se fossem nossos próprios párocos. Como os católicos gays e lésbicas de Florença fizeram com as suas experiências, esta é uma oportunidade de oferecer as nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias sobre os assuntos mais próximos de nós. Colocar a caneta no papel é um ato simples, mas permite a cada um de nós unir-se a Francisco em responder ao chamado de Deus para reconstruir a igreja. Se você escrever para Francisco ou para líderes da igreja local, por favor, nos avise.

Aqui está o endereço:

Sua Santidade Papa Francisco
Palácio Apostólico
00120 Cidade do Vaticano