16 Novembro 2013
O Papa Francisco está sob ataque. São insistentes demais os seus discursos contra o sistema das propinas, da corrupção, do "pão sujo". Porque se trata de sistema, não de pecadores individuais. As palavras pacatas e por isso mais pesadas do procurador-adjunto de Reggio Calabria, Nicola Gratteri, são um sinal alarmante. O sistema da desonestidade está "nervoso" e não tolera uma estratégia papal de limpeza em 360 graus. Não há necessidade de se pensar em tardes de fogo.
A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 14-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É preciso se dar conta de que se abre uma fase de confronto subterrâneo. A reviravolta de Francisco toca interesses corpulentos, perturba entrelaçamentos de negócios desonestos entre máfias e setores clericais, irrita aproveitadores pequenos e grandes, provoca fortes resistências passivas. Existe uma colônia de vermes para se trazer à luz.
As operações opacas da APSA, as centenas de posições fechadas no IOR das quais nada se sabe, freiras com 150 mil dólares em notas de cem, bispos (como o ex de Urbino, Dom Marinelli) que oficialmente ganham menos de 1.500 euros por mês e fazem transferências para parentes de mais de um milhão.
E isso em um país onde certificou-se no tribunal que Berlusconi negociou com a máfia, enquanto o seu mediador Dell'Ultri aparece regularmente na mídia como formador de opinião, e o ministro da Justiça, Cancellieri, considera que "não é justo, não é justo, não é justo" colocar na prisão aqueles que, como Ligresti, fraudaram e roubaram de poupadores e do fisco centenas de milhões. Sem falar dos milhões roubados da coletividade para "atividades políticas" que se revelaram avidamente privadas. Má vida e maus hábitos de fingir que nada aconteceu, talvez invocando inapropriadamente o "garantismo", transcendem todas as fronteiras confessionais. Ou, melhor, as alianças sujas se baseiam no repúdio de todo credo.
Na colônia de vermes, Francisco está destinado – se insistir – a se tornar uma figura cada vez mais incômoda. Que deve ser freada e neutralizada. Os seus apelos tocam a consciência de todos. Seria importante ter uma responsabilização direta por parte do mundo católico nas suas articulações, para que se saiba quem está no lado de Francisco e com quais meios quer combater a sua batalha.
