14 Novembro 2013
O Brasil é um país de crescente diversidade e competição religiosa, onde as igrejas se multiplicam quase diariamente e a mobilidade religiosa aumenta, bem como o número dos chamados “sem-religião”, afirmou o professor da Faculdades EST, Rudolf von Sinner, em palestra proferida na quarta-feira, 6, no Encontro Marista de Missão e Gestão, realizado em Porto Alegre.
A reportagem é publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação – ALC, 12-11-2013.
Ao resgatar informações do Censo de 2010, von Sinner disse que um entre quatro brasileiros já mudou de religião pelo menos uma vez na vida. Essa grande mobilidade religiosa, explicou, está associada à migração de grande contingente de brasileiros do campo para a cidade e à emergência de um tipo de fé centrada na cura, no exorcismo e na prosperidade: o movimento neopentecostal.
“Cada vez mais, a religião no Brasil é imediatista”, afirmou von Sinner ao recordar o lema mundialmente popularizado pela Igreja Universal do Reino de Deus: “Pare de sofrer!”. Por outro lado, esclareceu, as igrejas tradicionais, mas também a Umbanda, estão em declínio.
Em menção ao etnólogo Pierre Sanchis, o professor da EST relatou a impossibilidade de se falar, como no passado, de uma “religião dos brasileiros”. Além de existirem múltiplas religiosidades brasileiras, von Sinner esclareceu que o “campo religioso” não corresponde mais, necessariamente, ao “campo das religiões”, na medida em que a religião se tornou de maneira cada vez mais acentuada uma questão de experiência e definição subjetiva.
Intitulada “A presença das religiões no espaço público - uma análise crítica”, a palestra de von Sinner defendeu a tese de que a nova situação de participação política democrática torna possível e necessário um novo tipo de teologia, amparado no que poderia ser uma teologia pública, com enfoque na cidadania.
“Sempre as igrejas e seus teólogos e, mais recentemente, também suas teólogas têm se pronunciado a respeito de assuntos de interesse público, e estendido seu serviço além daqueles que a elas pertenciam”, afirmou.
Embora o termo “Teologia Pública” seja ainda pouco utilizado no Brasil e na América Latina, von Sinner argumentou que o seu conteúdo retoma muitas intuições da Teologia da Libertação latino-americana, construída a partir da indignação com a pobreza e a injustiça.
O convite para a palestra de von Sinner reflete a crescente interface das pesquisas realizadas na EST com a sociedade civil. Inserem-se neste panorama o Instituto de Sustentabilidade, recém criado, voltado principalmente às igrejas luteranas da América Latina, e o Instituto de Ética da EST, a ser inaugurado em março do ano que vem, voltado para a academia e à sociedade em geral.
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, von Sinner é autor do livro “Igrejas e a democracia no Brasil: Rumo a uma teologia pública com enfoque na cidadania”, publicado em inglês, mas com vários capítulos disponíveis também em português.
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Pró-Reitor da EST defende teologia pública - Instituto Humanitas Unisinos - IHU