Quem aconselha o papa?

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21 Outubro 2013

Uma das perguntas que, por trás dos Muros do Vaticano (e também um pouco do lado de fora...), é feita com mais frequência, quando se fala do novo papa, é: a quem ele ouve com regularidade e frequência? Quem o aconselha? Que tem, como se diz, "o seu ouvido"?

A reportagem é de Marco Tosatti, publicada no sítio Vatican Insider, 18-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Certamente, está Dom Fabián Pedacchio Leaniz, o prelado que trabalha na Congregação para os Bispos, e que assumiu, de forma não oficial, mas extremamente eficaz e real, o papel de secretário privado do pontífice: um pouco aquilo que era Stanislaw Dziwisz para João Paulo II, digamos, mutatis mutandis, obviamente.

Mas, de uma rodada de consultas discretas e bastante ampla, surgem vários outros nomes, alguns dos quais certamente surpreendentes. Não é nenhuma surpresa, porém, que, entre os seus conselheiros, esteja o nome do cardeal brasileiro Hummes, ex- prefeito da Congregação para o Clero, aquele que é indicado por fontes confiáveis como o "grande eleitor" de Bergoglio, o homem que fez campanha para ele com sucesso no último conclave. E que apareceu ao seu lado depois da eleição na Loggia externa da Basílica de São Pedro, na apresentação ao povo do novo papa.

Menos aparente, ao invés, é o papel de um cardeal ultraoctogenário, o britânico Murphy O'Connor, um homem que certamente não se orgulha de uma grande sintonia com Bento XVI e as suas escolhas em matéria de bispos, mas que agora parece estar em seu grande auge.

O Papa Francisco o consulta frequentemente, e o núncio na Grã-Bretanha, ao que parece, consciente dessa linha direta, também o ouviria com mais frequência do que antes.

Depois, há o cardeal hondurenho Óscar Maradiaga, salesiano, que também poderia em breve desembarcar em Roma à frente de uma Congregação, apesar da idade não muito jovem (ele tem 73 anos). Mas, por outro lado, o papa tem 77. E ele poderia tranquilamente passar alguns anos na sombra da cúpula de São Pedro. O seu papel de conselheiro do Papa Bergoglio é notável, dizem na Cúria, assim como o de outro cardeal, o chileno Errázuriz Ossa, 80 anos, que faz parte do "Conselho" oficial dos oito que discutem com o papa sobre a reforma a Cúria e da Igreja.

Mas, no "Conselho secreto" do Papa Francisco, se assim podemos chamá-lo, há também italianos. Um deles é o cardeal Giuseppe Bertello, "governador" do Estado da Cidade do Vaticano, cargo que ele assumiu depois de ter sido núncio na Itália e de ter pensado – segundo meias palavras do ex-secretário de Estado – que poderia ir chefiar os bispos, e de ter esperado, mas em vão, porque Filoni se moveu com mais decisão e habilidade, que poderia ir chefiar a Propaganda Fide.

Entre os outros italianos estaria – vejam só – Carlo Maria Viganò, o núncio nos Estados Unidos, grande inimigo de tudo o que cheira a Ratzinger e a Bertone. E o ex-responsável do Escritório das Cerimônias do Vaticano, Mons. Piero Marini, cuja mão alguns quiseram reconhecer nas inúmeras substituições ocorridas entre os consultores da Congregação para o Culto Divino.

E, finalmente, muito ouvido, e com razão, dado o seu currículo profissional, é Juan Ignacio Arrieta Ochoa de Chinchetru, bispo espanhol, ex-professor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, prelado canonista da Penitenciaria Apostólica e nomeado como coordenador da Comissão de Inquérito sobre o IOR.

Mas há outra pessoa, uma mulher, que já foi esteve diversas vezes à mesa do papa, em Santa Marta, e ao menos uma vez recentemente, acompanhada por pessoas que queriam conhecer o Papa Bergoglio. É Francesca Immacolata Chaouqui, cuja nomeação como membro da Comissão referente para reforma das finanças do Vaticano encheu a rede e os jornais há algumas semanas, e em termos nem sempre elogiativos. Mas, aparentemente, o Papa Bergoglio se encontrou várias vezes com ela de modo convivial.

E depois há o telefone, que o Papa Bergoglio usa com extrema desenvoltura. E, naturalmente, ali o segredo é mais denso.