Por: André | 18 Outubro 2013
O desejo de que as negociações entre israelenses e palestinenses possa chegar a uma solução justa e duradoura do conflito. E o reconhecimento da contribuição que os cristãos oferecem à sociedade palestinense.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no sítio Vatican Insider, 17-10-2013. A tradução é de André Langer.
Foi o que apareceu, nesta quinta-feira, na audiência concedida pelo Papa Francisco a Abu Mazen, após quase 20 anos de relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Estado da Palestina.
O primeiro encontro “frente a frente” entre um Papa e os representantes da Palestina aconteceu em 1979, quando, durante a visita à sede da ONU, em Nova York, João Paulo II reuniu-se com os representantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
No dia 15 de setembro de 1982, aconteceu a primeira e histórica visita de Yasser Arafat ao Vaticano, primeira de muitas durante o Pontificado de Wojtyla. As relações diplomáticas com a OLP foram instituídas em 26 de outubro de 1994, e um passo posterior muito importante foi dado em 15 de fevereiro de 2000, com a assinatura do Acordo fundamental entre a Santa Sé e a OLP. Um ato que se deu pouco antes da viagem de Wojtyla à Terra Santa e que, nos fatos, elevou o nível das relações com a Autoridade Palestina Nacional ao mesmo nível das relações com Israel, país com o qual assinou um acordo análogo em 1993.
O Acordo fundamental entre a Santa Sé e a Palestina contém dois pontos muito importantes: o Vaticano expressa o desejo de “uma justa solução para a questão de Jerusalém”, baseada em um estatuto internacionalmente garantido pela Cidade Santa. A Autoridade Palestina, por sua vez, comprometeu-se com a proteção e tutela do exercício da liberdade religiosa. O Acordo fundamental segue sendo uma declaração de princípios que deve traduzir-se em um marco de normas que regularão concretamente uma série de aspectos relacionados com a presença da Igreja católica na Palestina.
Assim como com a colocação em prática do Acordo de 1993 com Israel, a negociação com a Palestina ainda está em curso: a sessão mais recente da comissão bilateral aconteceu no Vaticano em setembro passado e o acordo foi definido como estando “em fase avançada”; um novo encontro entre ambas as partes deverá acontecer em Ramallah no começo de 2014.
Os encontros entre o presidente Abu Mazen e Bento XVI foram seis: cinco em Roma e um na Terra Santa durante a peregrinação de 2009. Todos os palestinos lembram bem das imagens de Ratzinger em Belém, no campo de refugiados de Aida (tendo como pano de fundo estava o muro que separa os territórios palestinos de Israel). Uma sequência de imagens que poderá se repetir em breve, pois Abu Mazen, como fizeram o presidente israelense, Shimon Peres, e o rei da Jordânia, Abdallah, convidou oficialmente o Papa Francisco para visitar a Terra Santa. A viagem poderá acontecer durante a primavera do ano que vem.
Vale a pena recordar que também a Santa Sé, depois do voto da Assembleia Geral da ONU de 2012, refere-se expressamente ao Estado da Palestina. Além disso, há alguns meses o Vaticano doou a este Estado 100.000 euros, como contribuição para a restauração do teto da Basílica da Natividade.
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Vaticano e Palestina. Um longo caminho de paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU