04 Outubro 2013
Não se têm mais notícias certas sobre o padre jesuíta Paolo Dall'Oglio desde o dia 12 de agosto. A espera está se transformando em uma angústia para os seus familiares, os seus coirmãos e todos aqueles que conheceram e conhecem o grande coração de "Abuna".
A reportagem é de Luca Rolandi, publicada no sítio Vatican Insider, 01-10-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na edição de outubro da revista Missioni Consolata, foi publicada uma intensa conversa entre Daniele Biella e o padre jesuíta. As palavras do jesuíta foram recolhidas antes do seu desaparecimento na Síria e se centram no diálogo entre a Igreja Católica e o Islã.
Fundador da comunidade monástica de Deir Mar Musa, tendo se afastado do país do Oriente Médio em junho de 2012, o jesuíta é conhecido pela sua posição claramente contrária ao regime de Assad, mas também muito equilibrada em comparação com a galáxia que forma as forças rebeldes, que traíram o espírito de liberdade e democracia do início da revolta no país.
Algumas passagens nos dizem como o esforço humano e cristão de diálogo, confronto, em um território problemático e difícil nas relações entre etnias e religiões, muitas vezes foi sufocado pelo regime de Assad, mas continuou sendo a principal missão realizada pelo padre Paolo na sua longa experiência no mosteiro de Deir Mar Musa.
O Islã, aos olhos do missionário Dall'Oglio, é uma realidade articulada e cheia de tensões também positivas: "Ele está em contínua evolução, com uma sociedade que busca de várias formas uma emancipação que, muitas vezes, é contraditória, porque, por um lado, é fértil, por outro, é fonte de sofrimentos. Não é fácil para um cristão se aproximar do Islã, mas, como primeira coisa, é preciso tirar da cabeça a ideia de que se pode desprezá-lo por ser diferente: ao invés, é preciso descobrir, com o tempo, coisas muito bonitas. E, quando você entra em relações significativas, permanece por toda a vida, como está acontecendo comigo. É claro que, às vezes, as coisas não saem como deveriam, veja-se a trágica guerra civil na Síria, hoje em meio a uma crise que me intrigou desde o início".
E Dall'Oglio também explica o seu impacto com a religião muçulmana: "O meu caminho está todo no relato de um fato: em 1978, eu me encontrava de passagem em Bosra, cidade da Síria, dirigindo-me ao Egito, que eu queria conhecer. À noite, entrei no pátio da mesquita, onde dois jovens foram ao meu encontro, aos quais eu disse que estava sujo e que queria expressar o meu respeito pela mesquita, a casa de Deus, fazendo as abluções. Eles me deram um jarro de água e me indicaram os banheiros. Quando eu voltei, tendo chegado a hora da oração, a mesquita se encheu de homens e crianças, e eu fui convidado a me unir a eles. Então, eu senti uma forte atração, mas também o dever de não enganar os meus hóspedes".
"Como eles poderiam entender o que eu já sentia como uma dupla filiação?", pergunta-se, então, o jesuíta sequestrado. "O fato de eu ir ao encontro do mundo muçulmano também tem nos exercícios espirituais inacianos, que seguem a promessa do Senhor a não se esconder, a ir em busca do diálogo com o outro. E depois está o grande ensinamento do Concílio Vaticano II, a inculturação da fé e a necessidade de se abrir ao ecumenismo".
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O drama de Dall'Oglio. As suas palavras para não esquecê-lo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU