Terror na porta de casa. O relato de um irmão marista no Paquistão

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Por: Jonas | 26 Setembro 2013

O irmão marista Remigius Fernando narra as dramáticas consequências de um trágico ataque aos cristãos em Peshawar, no Paquistão. Seu relato é publicado no sítio Religión Digital, 24-09-2013. A tradução é do Cepat.

Eis o relato.

Acabávamos de retornar da missa em nossa paróquia; por volta das 11h45min. Estava retirando a sotaina quando ouvi duas grandes explosões simultâneas, muito próximas de casa. Pensei que havia ocorrido em nossa igreja. Saí rapidamente e vi as pessoas que escapavam correndo do local. Poucos minutos depois, alguns rapazes me informaram que tinha sido no interior da Igreja de Todos os Santos, a igreja anglicana do Paquistão, que fica a uns 5 minutos andando.

As notícias que nos foram chegando, durante os seguintes quinze minutos, eram que dois kamikazes haviam conseguido passar pelo controle de segurança, disparando à direita e esquerda e aterrorizando as pessoas que saiam da igreja quando acabou a celebração. Alguns tentaram deter os dois kamikazes, mas, durante a agitação, os dois se auto-imolaram.

Estava indo para a rua, quando um professor me informou que Khalid, que deu aula em nosso colégio, e cuja esposa continua sendo professora, havia morrido no ato. Fui visitar a família com o H. Zubair.

Mais tarde, fomos com nosso pároco, padre Johny Williams, ao hospital (Lady Reading Hospital) onde estavam sendo recebidos e atendidos os feridos. O hospital era um caos. Por ser domingo, os médicos estavam em suas casas e foi necessário chamá-los, mas não eram suficientes. Ainda bem que os enfermeiros compareceram em grande número e começaram a atender os feridos que estavam em piores condições. Acredito que muitos desses feridos não poderão caminhar novamente. Entre eles, alguns de nossos alunos dos colégios de St. John e de St. Mary. Era desanimador ver alguns destes pequenos.

Algumas famílias, que foram juntas para Igreja, perderam todos os membros. Entre elas, as famílias de dois de nossos meninos. Uma família perdeu o pai, a mãe e dois filhos; os dois ficaram órfãos. Os dois meninos mortos faziam parte do quadro de nossos melhores alunos. Um ex-aluno, que com bolsas de estudo apoia seis de nossos meninos, morreu no ato; e com ele, seu filho e sua filha.

Com o padre Johny e o H. Zubair, visitamos durante quatro horas os diferentes pavilhões, vendo cada um dos feridos e rezando por eles.

Calcula-se que morreram 90 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Os feridos excedem uma centena e alguns estão em estado crítico.

No período da tarde, levaram os caixões dos falecidos para o pátio de nosso colégio de St. John. Tivemos um funeral interconfessional e, em seguida, os corpos foram levados para que as famílias os enterrassem.

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