21 Setembro 2013
É difícil imaginar uma história menos alinhada com a "Igreja pobre para os pobres" de Bergoglio e com o seu estilo espartano, frugal, hostil aos desperdícios. Um bispo ultraconservador e gastador está há semanas no centro da tempestade midiática, devido aos custos exorbitantes para o novo palácio da Cúria de 10 milhões de euros, transações financeiras obscuras, um pedido oficial de esclarecimento por parte da Conferência Episcopal Alemã e o envio de Roma de um "mediador" para restaurar a paz.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 15-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em Limburg, cidadezinha de 34 mil habitantes no norte de Frankfurt, a Santa Sé parece ter conseguido fazer as pazes entre o pastor e o rebanho. O ex-governador e ministro das Relações Exteriores do Vaticano, Giovanni Lajolo, enviado à Alemanha (onde foi núncio) pela Congregação dos Bispos, obteve um acordo entre o capítulo da catedral e Dom Franz-Peter Tebartz-van Elst, 54 anos, acusado por sacerdotes e fiéis de gerir a diocese de modo autoritário demais e de ser excessivamente propenso à pompa e ao luxo.
A declaração conjunta resolve (por enquanto) a disputa mediante uma recíproca responsabilização. O capítulo da catedral e os outros órgãos diocesanos "rebeldes" garantem que serão seguidas as indicações do bispo em espírito de lealdade, enquanto o prelado contestado assegura mais transparência e cooperação na gestão dos gastos com o novo episcopado e promete se valer mais das estruturas internas à sua disposição.
Na Alemanha, na articulação da Igreja, os "corpos intermediários" entre a autoridade eclesiástica e o restante da comunidade têm um papel historicamente muito importante, e a sua colaboração com o episcopado é uma das principais características do catolicismo alemão.
Os próximos desdobramentos do clamoroso "braço de ferro" vão dizer se se trata de uma autêntica pacificação ou apenas de uma trégua em um confronto que está destinado a se reacender. Nesta semana, o cardeal Lajolo irá relatar o caso ao Papa Francisco, que recentemente removeu dois bispos eslovenos por escândalos financeiros e que, nos primeiros meses de pontificado, transmitiu a imagem e a substância de "pároco do mundo", acostumado a andar de ônibus ou de carros populares, livrar-se da escolta, falar ao telefone com pessoas comuns, antes do que com os grandes da Terra: reformador já nos gestos, nas pequenas escolhas, nos detalhes, evangelizador das periferias, minimalista informal e lutando contra a imobilidade dos privilégios e dos costumes.
Obviamente, portanto, o caso de Limburg não o deixa indiferente. Contra Dom Franz-Peter Tebartz-van Elst, os fiéis haviam coletado milhares de assinaturas, e o abaixo-assinado (com o pedido de demissão) havia chegado a Roma. Mas o clero da diocese também está sob observação da Santa Sé desde cinco anos atrás, quando o pároco, padre Peter Kollas, foi removido como reitor de Wetzlar por ter abençoado uniões homossexuais na catedral.
Nos jornais e televisões alemães, no entanto, destacou-se sobretudo a construção da nova sede episcopal de mais de 10 milhões de euros. Além disso, Franz-Peter Tebartz-van Elst também está sendo investigado pela procuradoria de Hamburgo por falso testemunho jurado praticado com relação a um voo de primeira classe para a Índia. Ele é acusado de ter viajado na primeira classe para a Índia com os pontos de milhagem do vigário-geral, Dom Franz Kaspar.
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Alemanha: trégua entre pastor e fiéis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU