Por: André | 04 Setembro 2013
As frases pronunciadas nesta segunda-feira pelo Papa Francisco, com as quais expressou sua solidariedade com os judeus contra a lei proclamada em Varsóvia sobre a técnica “kosher” para tratar a carne (vinculada com a tradição judaica), provocaram polêmicas na Polônia. Ao receber uma delegação do World Jewish Congress (Wjc), liderada pelo presidente Ronald S. Lauder e que representa as comunidades judaicas do mundo, o Papa Francisco, entre muitas outras coisas, teria dito – segundo o próprio Wjc – que estava preocupado com a proibição da técnica kosher na Polônia e que teria encarregado ao cardeal Kurt Koch, presidente da comissão vaticana para as relações com os judeus, uma investigação a respeito e que convocara um encontro específico para tratar do assunto para a semana que vem.
A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 03-09-2013. A tradução é de André Langer.
O Jerusalem Post também retomou a questão, ao passo que na Polônia, as afirmações suscitaram várias polêmicas, pois a ideia da investigação vaticana foi recebida como uma iniciativa fora de lugar por muitos políticos. O diretor da Sala de Imprensa vaticana, o jesuíta Federico Lombardi, teve que retificar e emendar o que o Wjc havia afirmado: “Não consta que o Papa tenha dado nenhuma missão específica ao cardeal Koch sobre as normas da carne na Polônia”.
A controvérsia sobre a lei explodiu na Polônia depois que a Corte Constitucional indicara que a técnica kosher era contrária à lei. A Associação Judaica Europeia denunciou que esta medida teria tido “um efeito devastador para a liberdade religiosa”. Recentemente, o Parlamento de Varsóvia rechaçou uma lei, proposta pelo governo, que teria incluído novamente a técnica kosher de acordo com as diretrizes da União Europeia, que a autorizou em janeiro deste ano. Em Israel, a proibição polonesa foi chamada de “completamente inaceitável”. Mas agora o que provoca a discussão na Polônia é a solidariedade do Papa com os judeus e surgiu um pequeno “mistério” sobre o que o Papa teria efetivamente afirmado, pois só existem as declarações do Wjc. A polêmica chega em um momento muito delicado, pois na próxima segunda-feira o novo embaixador da Polônia na Santa Sé, Piort Nowina-Konopka, será recebido pelo Papa por ocasião da apresentação de suas cartas credenciais.
A amizade do Papa argentino com os judeus é um dado mais que confirmado. Durante a audiência com o Wjc, Francisco repetiu que “um cristão não pode ser antissemita” e acrescentou que, “para ser um bom cristão é preciso entender a história e as tradições judaicas”.
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Polônia. Polêmicas pelo Papa “pró-kosher” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU