27 Agosto 2013
Ele protestava contra o "deus lucro" e nunca recuava quando era preciso abordar temas polêmicos como a homossexualidade, segundo a moral cristã. O teólogo padre Enrico Chiavaci morreu no dia 25 de agosto, na paróquia de San Silvestro, em Ruffignano (Florença), da qual era pároco desde 1961.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 26-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nascido em Siena em 1926 e ordenado presbítero em 1950, foi professor de teologia moral na Faculdade Teológica da Itália Central. Em meados dos anos 1980, a publicação da sua obra Teologia morale e vita economica (Cittadella, 1986) ofereceu uma notável contribuição para a elaboração e difusão de uma cultura da paz, da solidariedade, da libertação, dos direitos humanos.
Em 2009, ele dedicou à moral sexual na Igreja Católica vários artigos publicados pela revista de teologia e ciências da religião da Faculdade Teológica da Itália Central. "Até o século XIX, não existe nem a ideia nem o termo abstrato sexualidade", apontou Chiavacci. "Existem apenas comportamentos singulares ligados à esfera sexual, cada um com a sua própria avaliação moral. Para Santo Agostinho, a atividade sexual, lida como impulso corpóreo, é sempre algo negativo. Somente obedecer à ordem de se multiplicar pode legitimá-la. A relação sexual entre cônjuges não deve ocorrer por prazer, mas exclusivamente para a procriação, e a busca da satisfação sexual fora da intenção procriativa é pecaminosa".
E assim, antes que fosse disseminado o celibato dos sacerdotes, era recomendado aos padres uxorados [casados] que não celebrassem a missa sem antes terem se abstido por alguns dias das relações, embora legítimas, com a esposa. "Assim, quase até os nossos dias, não era conveniente que a mulher que dera à luz entrasse na igreja sem uma prévia bênção 'mulieris post partum', prevista pelo Ritual e chamada na Itália popularmente de 'retornar ao santo'", salientou Chiavacci. "Eu mesmo, pároco de uma paróquia rural, celebrei o breve rito nos anos 1960, e era costume que a mulher entrasse na igreja coberta pela estola do celebrante. Eu me esforcei para deixar claro que o parto já era em si mesmo uma bênção que não exigia purificações posteriores, o que demonstra como ser muito idoso para um teólogo moral, no cuidado das almas há 60 anos, pode ser uma vantagem, em vez de um peso de uma tradição recebida e mantida passivamente".
Palavras que contêm a sua teologia da misericórdia que queria purificar a fé das incrustações que, ao longo dos séculos, se sedimentaram na original "simplicidade" evangélica. Contou Chiavacci: "Ainda nos anos 1960, eu, então juiz matrimonial, tive a causa de apelo de uma jovem filha de agricultores que não queria o esposo designado pelo pai para criar novas unidades agrícolas".
As suas contribuições buscam ligações entre a moral fundamental e a moral social, e declaram o seu compromisso, na colaboração ativa dentro do Pax Christi, com questões da paz e dos direitos humanos. A sua pesquisa foi decisiva para dar forma a uma teologia da paz.
Foi presidente da Associação Italiana dos Teólogos Moralistas, publicou inúmeras obras teológicas e foi um dos principais moralistas italianos. Vários dos seus relevantes artigos foram publicados nos últimos anos na revista Rocca.
Entre suas obras, encontram-se: Proposte morali tra l'antico e il nuovo (Cittadella, 1973), Dal dominio alla pace (Meridiana, 1993), Invito alla teologia morale (Queriniana, 1995), Etica e riproduzione (Le Lettere, 1995), Lezioni brevi di etica sociale (Cittadella, 1999), Lezioni brevi di bioetica (Cittadella, 2000).
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Enrico Chiavacci: adeus ao teólogo do amor cristão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU