Por: Cesar Sanson | 21 Agosto 2013
Com apoio do governo central, cidade de Bremgarten cria zonas de exclusão para população local não conviver com refugiados em locais públicos.
Uma cidade suíça se prepara para implantar um sistema de segregação social e racial nos moldes do apartheid sul-africano. Em Bremgarten, a oeste de Zurique, as autoridades locais informaram na última semana que refugiados e solicitantes de asilo serão proibidos de frequentar, ou demorar-se, em 32 zonas de exclusão, que incluem parques de escolas, piscinas públicas, locais esportivos, igreja e até mesmo a biblioteca.
A reportagem é de Gabriel Bonis e publicada pela Carta Capital, 19-08-2013.
A medida virou alvo de críticas de organizações de diretos humanos, que a definiram como racista e xenófoba. O prefeito da cidade, Raymond Tellenbach, entretanto, afirmou a uma emissora alemã que decidiu “por motivos de segurança” não permitir o acesso às áreas “para prevenir conflitos e possível uso de drogas”. Mario Gattiker, chefe do Escritório Federal de Imigração da Suíça, também apoiou a ação. “Precisamos de regras para garantir uma coexistência pacifica e ordeira entre residentes e solicitantes de asilo."
O Acnur, agência da ONU para refugiados, questiona a medida, mas diz que os solicitantes de asilo precisam respeitar as leis do país em que estão. “Em princípio, os solicitantes de asilo deveriam desfrutar de liberdade de movimento. Eles estão na Suíça legalmente e não cometeram nenhum crime”, diz Adrian Edwards, porta-voz do órgão, a CartaCapital.
Em muitos casos, refugiados e requerentes de asilo são crianças, mulheres e homens que fogem de guerras ou perseguições severas em seus países de origem, ressalta Edwards. “Para encorajar um ambiente acolhedor para expatriados e geralmente vulneráveis, é importante reforçar mensagens públicas que visam evitar o risco de estigmatização dos solicitantes de asilo e também promover a integração dos refugiados.”
A Suíça é um dos países europeus com a maior proporção anual de solicitantes de asilo por habitante. Enquanto a média na Europa é de 625 requerentes para cada cidadão, na Suíça esse número é de 332. O país tem 48 mil refugiados em busca de asilo atualmente.
A cidade abriu recentemente um centro de solicitantes de asilo em um antigo complexo militar, que deve ficar aberto por três anos. O país tem sido acusado de reabilitar um bunker nas montanhas para abrigar refugiados há horas de distância da civilização. Além disso, nestes locais haveria um toque de recolher após às 17h.
Em junho deste ano, os suíços aprovaram um polêmico referendo para restringir a possibilidade de oferecer asilo, em meio à campanha do Partido Popular Suíço de que o país estaria sendo inundado por refugiados. Em 2009, também em consulta popular, a Suíça aprovou a proibição da construção de novos minaretes, símbolos das mesquitas islâmicas, em um movimento visto pela ONU como “claramente discriminatório” e “infeliz”.
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Um apartheid na Suíça? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU