19 Agosto 2013
Mais do que um almoço papal, uma verdadeira refeição infernal. Bergoglio e Bertone, nos dois lados opostos da mesa, na Villa Barberini, a residência de verão do secretário de Estado em Castel Gansdolfo. O "primeiro-ministro" do papa tirou a máscara e pediu a Francisco um novo cargo, para não sair definitivamente de cena.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 17-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Espero continuar o meu trabalho, o meu serviço, mesmo no calor de Roma", dissera Bertone aos jornalistas, saudando as montanhas do Valle d'Aosta depois das suas breves férias na casa de campo de Introd que hospedara João Paulo II e Bento XVI.
O inquilino da suíte 201 da Casa Santa Marta ouvia em silêncio, pensando que essas declarações eram apenas o prelúdio da já iminente despedida do seu "primeiro-ministro". Mas ele estava errado.
No almoço de Ferragosto, Bertone pediu ao papa, assim que for nomeado o seu sucessor à frente da Secretaria de Estado, para ter outro cargo que possa funcionar como um para-raios para os numerosos ataques que ele receberia, caso contrário, dentro e fora da Cúria, daqueles que o consideram como o primeiro e único responsável pela renúncia de Bento XVI.
Bertone, que irá completar 79 anos no próximo dia 2 de dezembro, ressaltou a Bergoglio que o seu antecessor, Angelo Sodano, quando deixou a liderança da Secretaria de Estado, em 2006, continuou sendo decano do Colégio Cardinalício, cargo que ele ainda detém aos 86 anos. O purpurado salesiano pensar em algo semelhante para si, e a solução ao problema foi oferecida por ele mesmo ao papa.
Bento XVI, antes de deixar o pontificado, tinha renovado a Bertone, por 5 anos, ou seja, até 2018, a presidência da comissão cardinalícia de vigilância sobre o IOR. Para o Código de Direito Canônico, no entanto, Bertone não poderá ocupar esse cargo até o término natural do mandato. De fato, ele prevê que, ao se completarem os 80 anos, os purpurados perdem o direito de entrar no conclave e expiram automaticamente de todos os cargos na Cúria Romana. Exceto, obviamente, se o papa dispôr de outra forma, mas apenas com relação à segunda parte da norma eclesiástica.
E é isso que Bertone quer: deixar a Secretaria de Estado, mas não a presidência da comissão cardinalícia de vigilância sobre o banco vaticano.
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Papa Francisco quer ''aposentar'' Bertone, mas ele pede novos cargos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU